sábado, 29 de setembro de 2012

Baubo: a deusa do ventre



Mais um conto erótico.

 Baubo: a deusa do ventre

Deméter, a mãe-terra, tinha uma linda filha chamada Perséfone, que estava um dia brincando ao ar livre. Perséfone encontrou por acaso uma flor de rara beleza e estendeu os dedos para tocar seu lindo cálice. De repente, a terra começou a tremer e uma gigantesca fenda se abriu em ziguezague. Das profundezas da terra chegou Hades, o deus dos Infernos. Ele chegou alto e majestoso numa biga negra puxada por quatro cavalos da cor de fantasmas.
Hades apanhou Perséfone, levando-a para sua biga, em meio a uma confusão de véus e sandálias. Ele guiou, então seus cavalos cada vez mais para dentro da terra. Os gritos de Perséfone foram ficando cada vez mais fracos à medida que a fenda foi se fechando como se nada tivesse acontecido. Por toda a terra, abateu-se um silêncio e o perfume de flores esmagadas.
E a voz da donzela a gritar ecoou nas pedras das montanhas e borbulhou num lamento vindo do fundo do mar. Deméter ouviu os gritos das pedras. Ela ouviu, também, o choro das águas. Arrancou, então, a grinalda dos seus cabelos imortais, deixou cair de cada ombro seus véus escuros e saiu a sobrevoar a terra como uma ave enorme, procurando, chamando por sua filha.
Naquela noite, uma velha à frente de uma gruta comentou com suas irmãs que havia ouvido três gritos naquele dia um, o de uma voz jovem que gritava de pavor; um outro que implorava ajuda; e um terceiro, o de uma mãe que chorava.
Não se via Perséfone em parte alguma. E assim começou a procura longa e enlouquecida de Deméter por sua filha querida. Deméter esbravejava, chorava, gritava, fazia perguntas, procurava debaixo, dentro e em cima de todos os acidentes geográficos, implorava por misericórdia, implorava pela morte, mas não conseguia encontrar sua filha amada.
Assim, ela, que havia gerado o crescimento perpétuo tudo, amaldiçoou todos os campos férteis do mundo, gritando na sua dor.
— Morram! Morram! Morram!
Em decorrência da maldição de Deméter, nenhuma criança poderia nascer, nenhum trigo poderia crescer para se fazer pão, nenhuma flor para as festas, nenhum ramo para os mortos. Tudo ficou murcho e esgotado na terra crestada e nos seios secos.
A própria Deméter não mais se banhava. Seus mantos estavam encharcados de lama; seus cabelos pendiam em cachos imundos. Muito embora a dor no seu coração fosse tremenda, ela não se entregava. Depois de muita investigação, de muitos pedidos e de muitos incidentes, tudo levando a nada, ela afinal perdeu as forças ao lado de um poço numa aldeia onde não era conhecida. E quando recostou seu corpo dolorido n pedra fresca do poço, chegou por ali uma mulher, ou melhor, uma espécie de mulher. E essa mulher chegou dançando até Deméter, balançando os quadris de um jeito que sugeria a relação sexual, e balançando os seios nessa sua pequena dança. E, quando Deméter a viu, não pôde deixar de sorrir um pouco.
A fêmea que dançava era realmente mágica, pois não tinha nenhum tipo de cabeça, seus mamilos eram seus olhos e sua vulva era sua boca. Foi com essa boquinha que ela começou a regalar Deméter com algumas piadas picantes e engraçadas. Deméter começou a sorrir, depois deu um risinho abafado e em seguida uma boa gargalhada. Juntas, as duas mulheres riram, a pequena deusa do ventre, Baubo, e a poderosa deusa mãe da terra, Deméter.
E foi exatamente esse riso que tirou Deméter da sua depressão e lhe deu
energia para prosseguir na sua busca pela filha, que acabou em sucesso, com a ajuda de Baubo, da velha Hécate, e do sol Hélios. Restituíram Perséfone à sua mãe. O mundo, a terra e o ventre das mulheres voltaram a vicejar.

Fonte: Mulheres que Correm com Lobos: CLARISSA PINKOLA ESTES. Rocco.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

nos barracos da cidade.



É de assustar a onda de incêndio em favelas que tem dizimado São Paulo no último ano, números maiores que os de 2011, e mais ocorrências que em qualquer outra parte do Brasil. Justo quando a cidade vive sua valorização do solo mais áurea, e pouco antes de sediar um dos maiores eventos imobiliários do globo, no caso da Copa do Mundo.

O que mais me chama a atenção é de como alguém é capaz de ligar estes incêndios a causa fortuita, afinal de contas estas favelas são construídas com material combustível e abarrotadas de gatos, nada mais explosivo. Alguém lembrou que as favelas do Rio não possuem status muito diferente das favelas paulistanas, e nem por isso estão pegando fogo.

Na verdade que valer se de incêndios para remover indesejáveis habitações de pobres, tem sido ferramenta usada, como bem lembra Mike Davis no seu livro Planeta Favela. Por isso não causa espanto a estratégia, apesar de causar indignação. O que mais me deixa estupefato é o fato de que se crê mais na historia da Travesti que queimou o amante(Bem providencial esta briga de namorados).

Parece que existe um codificador na cabeça de alguns dos cidadãos de nossa cidade que sempre desqualifica qualquer tipo de argumento que coloca o capital como o criminoso. 

“Capital? Criminoso? Jamais!”

Ao mesmo tempo em que gosta de uma trama novelesca, na qual o olho do furacão tem epicentro em uma tragédia passional.  Conversar com essa gente é quase que fazer tese sobre narrativa. O que importa não são os fatos, mas a construção da trama, algo mais estético que fático. Alguém já experimentou este método antes, e não terminou muito bem.

Da-lhe Manoel Carlos neles.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vagina, uma nova biografia

Não pude deixar de publicar isso.

As palavras, quando usadas em referência à vagina, sempre são mais do que "só palavras". Graças à sutileza da relação mente-corpo, as palavras que aludem à vagina são também o que o filósofo John Austin (1911-60), no livro "Quando Dizer é Fazer", classifica como "enunciados performativos", frequentemente empregados como meio de controle social. Um "enunciado performativo" é uma palavra ou frase que realiza algo de fato no mundo real. Quando um juiz diz "culpado!" ao réu ou um noivo diz "aceito", as palavras modificam a realidade material.
Estudos indicam que ameaças ou admiração verbais ou palavras de conforto podem afetar sexualmente a vagina. Um estudo sugere que um ambiente estressante pode afetar negativamente o tecido vaginal. Esse "estresse negativo" pode também, na medida em que promove ou inibe o orgasmo, elevar ou abaixar os níveis de confiança, criatividade e esperança das mulheres. Por isso, as mulheres reagem a alusões injuriosas a suas vaginas feitas por homens ou a ameaças implícitas de estupro, mesmo quando são "só piada" --embora a maioria de nós não saiba as explicações científicas de reações viscerais que nos mostram que o abuso verbal faz mal.
A humorista Roseanne Barr descreveu o comportamento de roteiristas de TV homens quando mulheres ingressavam na categoria profissional: observou que odiava ir à sala dos roteiristas porque em três minutos alguém faria uma piada sobre "perereca fedida".
Quando uma mulher está num local de trabalho onde seus pares homens querem lhe mostrar que não é bem-vinda, não é raro surgirem palavras ou imagens de insulto à vagina: por exemplo, aparecem em lugares públicos páginas centrais de revistas masculinas, com modelos nuas de pernas abertas e o rosto da mulher em questão sobreposto ao corpo nu.
É claro que motivações culturais e psicológicas exercem um papel nesse tipo de assédio. Mas não se deve ignorar o papel da manipulação do estresse feminino por meio dos ataques à vagina.
Esses atos com frequência são impessoais e táticos --estratégias para atingir mulheres com um tipo de pressão que não é compreendido conscientemente, mas que pode ser intuído e até sobreviver na memória popular como algo que suscita um "estresse negativo" neuropsicológico mais amplo que debilita as mulheres.
Em 2010, alunos homens da Universidade Yale se reuniram no evento "Tomar a Noite de Volta", em que suas colegas protestavam contra agressões sexuais. Os rapazes gritaram: "'Não' quer dizer 'sim', e 'sim' quer dizer 'anal'". Algumas delas processaram a universidade, argumentando que a tolerância a tal comportamento criava um ambiente educacional desigual. Eticamente, elas tinham razão; neurobiologicamente, também.
Quase todas as mulheres jovens confrontadas com homens gritando slogans do gênero provavelmente sentirão leve pânico instintivo. Em algum nível, estão recebendo a mensagem de que podem estar na presença de candidatos a estupradores. Com isso, torna-se impossível para elas ignorarem comentários imaturos, algo que se costuma pedir às mulheres.
O estresse de uma ameaça sexual libera cortisol no fluxo sanguíneo. O cortisol já foi vinculado à presença de gordura abdominal em mulheres --que é acompanhada dos riscos de diabetes e problemas cardíacos-- e também eleva a chance de doenças cardiovasculares e AVCs. Se você impuser estresse sexual suficiente a uma mulher, com o tempo é provável que ela tenha problemas em outros aspectos da vida; ela terá dificuldade em relaxar na cama, na sala de aula e no escritório.
Isso inibirá a injeção de dopamina que ela receberia de outro modo, o que, por sua vez, impedirá a liberação em seu cérebro de substâncias químicas que, não fosse isso, a deixariam confiante, criativa, focada --e eficiente, algo especialmente relevante se ela está competindo acadêmica ou profissionalmente com você. Com essa dinâmica, a frase "foder com ela" ganha todo um outro sentido.
Senti em primeira mão o impacto poderoso que podem ter sobre o cérebro feminino palavras de alusão à vagina. Eu acabava de assinar contrato com a editora para publicar este livro e estava eufórica em relação às pesquisas e ao trabalho de escrita pela frente.
Ao mesmo tempo, estava ansiosa por lidar com um tabu tão forte. Então, um amigo de um amigo --um empresário teatral a quem chamarei Alan, dotado de um senso de humor complicado e que tem prazer em criar espetáculos sociais que elevam a tensão-- disse que queria promover uma festa para comemorar meu contrato. A festa virou assunto entre seus amigos, muitas vezes com um tom de leve ironia, com algo oblíquo no meio.
Alan falou que faria um jantar à base de massas, no qual os convidados poderiam fazer macarrão em formato de vagina. Achei a ideia divertida e charmosa, de certa forma, possivelmente uma homenagem ao livro, ou, pelo menos, não terrível, embora não fosse um viés que eu teria escolhido.
Quando cheguei à festa, porém, um zum-zum-zum travesso e ligeiramente ameaçador vinha da outra extremidade do loft, onde ficava a cozinha. Alan estava na cozinha, cercado de convidados. Fui para lá, com certo receio. Passei pela mesa onde estava a máquina de macarrão caseiro. Um grupo de pessoas ao redor, moldando pequenas vulvas feitas à mão.
Os objetos pareciam bonitinhos: como a coisa real, as pequenas esculturas de massa variavam, talvez porque a experiência de cada pessoa (ou seu corpo) influísse sobra sua interpretação. Havia uma energia de respeito e até celebração vinda dessa mesa, tanto dos homens quanto das mulheres.
A travessa de massas sobre a mesa me pareceu ter sido montada com uma espécie de amor: lembrando uma flor ou uma pena, uma flauta ou um leque, cada pequena escultura era detalhada e singular --lindos objetinhos brancos sobre uma bandeja de cerâmica italiana azul pintada à mão.
"BOCETINI"
Alan apareceu do meu lado. "Chamo esses macarrões de 'bocetini'", ele falou, rindo, e meu coração se contraiu. Um lampejo de tensão atravessou os rostos de mulheres presentes. As expressões dos homens, até então tão abertas, e, no caso de alguns, tão ternas, ficaram impassíveis. Algo doce e novo que mal tinha começado estava sendo cortado.
Ouvi um chiado, como de fritura. Olhei a cozinha: o som vinha de linguiças enormes dispostas em frigideiras de ferro sobre o fogão industrial. Entendi: hahaha, linguiças para acompanhar os "bocetini". Notei que a energia do grupo, que incluía homens e mulheres, já não era tão simples.
O ambiente tinha ficado mais tenso --uma tensão com a qual eu estava familiarizada, a dos momentos em que mulheres se sentem amesquinhadas, mas espera-se delas que "levem numa boa" e "tenham senso de humor". Meu coração ficou ainda mais apertado.
Finalmente alguém chamou minha atenção para o prato final do cardápio. Vários imensos filés de salmão estavam dispostos sobre outra travessa nas bocas de trás do fogão. Entendi a brincadeira. As mulheres são fedidas. Fedem a peixe. Corei, com um tipo de desespero psicológico --deprimida porque um amigo acharia isso engraçado--, mas que também me provocava uma sensação física.
Mas não foi isso o que realmente me chamou a atenção naquela noite. Consigo tolerar uma brincadeira de mau gosto, se isso foi tudo o que o evento envolveu. O que achei interessante foi que, depois da festa dos "bocetini", não consegui digitar uma palavra do livro --nem mesmo anotações de pesquisa-- por seis meses, e eu nunca antes tinha sofrido "bloqueio de escritor". Senti, criativa e fisicamente, que tinha sido castigada por "me aventurar em algum lugar" supostamente proibido para as mulheres.
NAOMI WOLF, 49, americana, é autora de "O Mito da Beleza" (Rocco) e de "Vagina: A New Biography
Texto publicado originalmente pelo jornal britânico "The Guardian". 

retirado do site da folha: 
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1157423-vagina-uma-nova-biografia.shtml
 acessado em   23/09/2012

sábado, 22 de setembro de 2012

Mantra Hare Krishna


de médicos e loucos.


Tenho pensado que o capitulo que separa a lucidez da insanidade mais desvairada é mais curto que esta última frase. Na verdade essa constatação não é nenhuma novidade, já postulada pelo ditado de “de perto ninguém é normal”. Entretanto não me refiro exatamente que na intimidade todo mundo pratica bizarrismos, mas que o limite entre o que é normal e o que é doido não é tão claro quanto podemos deixar passar.
O professor Jaime Osorio em sua aula no Estudios Latino Americanos, perguntava: _ Por que a classe operária levanta todo dia da cama para ir trabalhar? Obviamente não é para sobreviver, daí que a ideologia nos coloca em posições tão circenses que divertiria até o mais carrancudo camponês do medievo.
O jeito que comemos, que vestimos, que soletramos, que nos comportamos, que condenamos, que absolvemos, tudo isso, se colocamos diante de um pingo de ética, revela sua face mais caricata, e por mais que tudo isso faça pouco sentido, vivemos assim, o que é perfeitamente compreensivo. O que não dá para entender é porque defendemos essa loucura toda. Porque nos ofendemos quando um relampejo de sanidade respinga nessa nossa sobrevida.  Ou até pior, por que a sanidade pode ser tão afeita ao corte com as relações sociais, o que fatalmente levaria a loucura de fato? Será que nosso individualismo duro nos joga contra toda nossa realidade?
Enfim, não quero nem pensar. Melhor ficar quieto.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pedro Juan Gutiérrez escreve com a peixeira nos dentes. Seu texto é rápido e atraente. "Trilogia Suaj de Havana" é formado por contos curtos, nos quais ele relata as aventuras sexuais próprias e alheias e também das dificuldades que foi viver na capital cubana. Digo isso pois não reconheço a cidade descrita por ele, estive lá faz alguns anos, e o país me pareceu o reino da paz, principalmente comparado a países da América Central. De qualquer forma não se pode negar a força da pena de Pedro Juan.
O trecho a seguir fica locado nas primeiras páginas do livro e carrega esta visão peculiar do autor sobre a vida é o sexo. Já solando a porta  na entrada pra dizer de onde veio.

“Ali perto mora Margarita. Fazia um bom tempo que não a via.Quando cheguei, ela estava lavando roupa e suava. Ficou contente e foi tomar banho. Éramos namorados furtivos – não me levem a mal, tenho que dizer de algum jeito – havia quase vinte anos e, quando nos vemos, trepamos primeiro e depois conversamos bem relaxados. Por isso não a deixei tomar banho. Tirei a roupa e lhe passei a língua de alto a baixo. Ela fez o mesmo: tirou minha roupa e me passou a língua de alto a baixo. Eu também estava muito suado de tanta bicicleta e tanto sol. Ela parecia recuperada e engordando. Não estava mais pálida. Tinha a nádegas duras, redondas e sólidas de novo, apesar de seus quarenta seis anos. Os negros são assim. Cheios de fibras e músculos, com muita pouca gordura, e uma pele limpa, sem espinhas. Ah, não resisti à tentação e, depois de um bom tempo brincando, ela já tivera três orgasmos, fui enrabá-la. Lentamente, com o pau bem molhado de líquidos da vagina. Pouco a pouco. Metendo e tirando e masturbando o clitóris com a mão. Ela esperneava de dor, mas me pedia que metesse até o talo. Essa mulher é fabulosa. Nenhuma outra goza mais que ela. Assim ficamos unidos por muito tempo. Quando tirei o pau, estava melado de merda e ela sentiu nojo. Eu não. Eu tinha o cínico alerta, não dormia nunca. O sexo não é para gente escrupulosa. O sexo é um intercâmbio de líquidos, de fluidos, hálito e aromas fortes, urina, sêmen, merda, suor, micróbios, bactérias. Ou não é. Se for apenas ternura e espiritualidade etérea, não passa de uma paródia estéril do que poderia ser. Nada.”


Pedro Juana Gutiérrez, Trilogia Suja de Havana. Companhia das Letras, 1999. São Paulo.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Autofagia


Estava viajando com um advogando pela Régis, ou BR116, que tem pedágio abaixo dos 3 reais. Este senhor achou um absurdo tal preço, argumentou que muitas empresas de administração de estradas haviam deixado o país em busca de oportunidades mais favoráveis em outras praças. Para ele eram mais adequados os R$ 21,20 cobrados no sistema Imigrantes-Anchieta. Segundo o site Fórum Popular contra o Pedágio, coloca que as estradas em São Paulo custam o dobro do quilometro rodado nos Estados Unidos, o dobro é um exagero de oportunidade.

Fiz uma conta rápida, sob a média de uso de 40mil veículos de passeio diária(média baixa para a rodovia), a receita bruta é de 300 milhões, não acredito que este valor seja tão baixo. 

Digo que acho pedágio um esculacho, pois trava totalmente o trafego entre regiões. Mas esse não é exatamente o assunto. O que eu queria falar é que acho inusitadíssimo é como a classe média defende ações que vão contra seu próprio interesse, e sob seu próprios preconceitos ou sob uma consciência meio esquizóide. Conversei com moradora de Pinheiros que sorria quando falava da valorização imobiliária do seu bairro, valorização esta que a forçou a mudar para região mais periférica da cidade. Fora os aplausos ao fim da CPMF que cortou fonte de recursos para a saúde, cobrando de sujeitos que tinham condições fiscais digamos, mais privilegiadas.

Por que será que a classe média é tão autofágica? Sempre quis saber.