quinta-feira, 27 de setembro de 2012

nos barracos da cidade.



É de assustar a onda de incêndio em favelas que tem dizimado São Paulo no último ano, números maiores que os de 2011, e mais ocorrências que em qualquer outra parte do Brasil. Justo quando a cidade vive sua valorização do solo mais áurea, e pouco antes de sediar um dos maiores eventos imobiliários do globo, no caso da Copa do Mundo.

O que mais me chama a atenção é de como alguém é capaz de ligar estes incêndios a causa fortuita, afinal de contas estas favelas são construídas com material combustível e abarrotadas de gatos, nada mais explosivo. Alguém lembrou que as favelas do Rio não possuem status muito diferente das favelas paulistanas, e nem por isso estão pegando fogo.

Na verdade que valer se de incêndios para remover indesejáveis habitações de pobres, tem sido ferramenta usada, como bem lembra Mike Davis no seu livro Planeta Favela. Por isso não causa espanto a estratégia, apesar de causar indignação. O que mais me deixa estupefato é o fato de que se crê mais na historia da Travesti que queimou o amante(Bem providencial esta briga de namorados).

Parece que existe um codificador na cabeça de alguns dos cidadãos de nossa cidade que sempre desqualifica qualquer tipo de argumento que coloca o capital como o criminoso. 

“Capital? Criminoso? Jamais!”

Ao mesmo tempo em que gosta de uma trama novelesca, na qual o olho do furacão tem epicentro em uma tragédia passional.  Conversar com essa gente é quase que fazer tese sobre narrativa. O que importa não são os fatos, mas a construção da trama, algo mais estético que fático. Alguém já experimentou este método antes, e não terminou muito bem.

Da-lhe Manoel Carlos neles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário