Tenho pensado que o capitulo que separa a lucidez da
insanidade mais desvairada é mais curto que esta última frase. Na verdade essa constatação
não é nenhuma novidade, já postulada pelo ditado de “de perto ninguém é normal”.
Entretanto não me refiro exatamente que na intimidade todo mundo pratica
bizarrismos, mas que o limite entre o que é normal e o que é doido não é tão
claro quanto podemos deixar passar.
O professor Jaime Osorio em sua aula no Estudios Latino
Americanos, perguntava: _ Por que a classe operária levanta todo dia da cama
para ir trabalhar? Obviamente não é para sobreviver, daí que a ideologia nos
coloca em posições tão circenses que divertiria até o mais carrancudo camponês do
medievo.
O jeito que comemos, que vestimos, que soletramos, que nos comportamos,
que condenamos, que absolvemos, tudo isso, se colocamos diante de um pingo de ética,
revela sua face mais caricata, e por mais que tudo isso faça pouco sentido,
vivemos assim, o que é perfeitamente compreensivo. O que não dá para entender é
porque defendemos essa loucura toda. Porque nos ofendemos quando um relampejo
de sanidade respinga nessa nossa sobrevida. Ou até pior, por que a sanidade pode ser tão
afeita ao corte com as relações sociais, o que fatalmente levaria a loucura de
fato? Será que nosso individualismo duro nos joga contra toda nossa realidade?
Enfim, não quero nem pensar. Melhor ficar quieto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário