quarta-feira, 29 de agosto de 2012

João Bosco - Genesis(Parto)

Isso tipo de coisa que me faz acreditar na humanidade.

Os impressionistas

Fui ao CCBB-SP recentemente para ver a exposição de parte do acervo do Museu d'Orsay, que contem principalmente pintores impressionistas: Monet, Manet, Pissarro, Degas, Renoir, Gauguin, Cézanne e Van Gogh(estes últimos nem sabia que eram adeptos da corrente). Fora o tempo de espera interminável na fila, que me permitiu ler parte de um livro, corrigir meus textos, admirar o centro de São Paulo, e ainda me irritar com a demora, a exposição era muito boa. Gosto muito das curadorias do CCBB, não sei julgar sua competência mas as suas montagens são sempre sedutoras.

Enfim, há pouco fechei minha leitura do Henry Miller, que faz um relato posterior de uma Paris, que por trás da beleza burguesa dos cafés, restaurants e puteiro, esconde uma cidade apodrecendo. Mas enfim, ver os impressionistas me ajudou a pintar em tons pastéis esta cidade que se fazia na velocidade da modernidade. Os retratos da burguesia, mas também da máquina, da cidade que se erguerá sobre todas as outras, da vida cotidiana, pensar que o modernismo já desenhava suas linhas naquelas obras, tanto da temático, quanto a estética, a econmia das pinceladas, a falta de fundo, o fundo infinito, o pontilhismo, a perspectiva descuidado, e o fantástico uso da cor. Mas o que mais me interessou foi que sempre foi ensinado na história da arte que Cézanne foi o ponto de partida da arte moderna, influenciando tanto cubistas quanto fauvistas.

Entretanto, diante dos meus olhos, vi que as obras vão pouco a pouco abandonando a perspectiva, assumindo pinceladas violentas, chapando os volumes, abstraindo a realidade, quer dizer havia um movimento, um conjunto de pessoas já se dedicavam a romper com os paradigmas anteriores, acima de um só indivíduo por mais genial que ele fora. Mas enfim, ver Cézanne tão próximo é uma outra possibilidade de entender a arte moderna.

sábado, 25 de agosto de 2012

bom humor


Hoje em dia, meios de comunicação que apoiaram sorridentemente a nossa estimada ditadura militar, chegando a se adiantar ao trabalho dos órgãos censores, vêm a público reivindicar liberdade de imprensa e denunciar que neste país, como jamais em nossa história, os meios de comunicação estivaram tão cerceados. Pra quem acredita que a ditadura não foi bolinho, já tem uma idéia do real significado destas declarações. Afirmar que um período democrático é mais doloroso que uma ditadura não é pra qualquer um.

Se temos um regime autoritário, então se faz necessário uma resistência: tomara que moderna, sofisticada, inteligente, bem humorada, antenada com as novas tendências rebentantes pós  queda do muro de Berlim. Lembramos que nos anos amenos entre 64 e 84, o jornal Pasquim rebolava seu humor rasgado entre as canetas censoras, humor afiado como espada, se levantava contra o algoz conservador.

Pois é o humor, acredito eu ,que em escala planetária, serviu muitas vezes como trincheira criativa, poderia até dizer que é quase um axioma.

Entretanto o que mais me diverte (e enfurece) em nossos dias(que eu maximizo pois são os que vivi), que a forma é tomada pela coisa, e o que era, virou o que pra todo sempre. Retomando, o humor é a própria resistência, é critico e sagaz. Lembrais das ultimas palavras do ‘casseta e planeta’ as quais reproduzo do blog do Luis Nassif.

Reproduzo, abaixo, o diálogo da edição do ‘Casseta &  Planeta de 21 de dezembro último. Tal diálogo se dá entre o presidente Lula e Dilma Rousseff, que assim aparecem caracterizados na transcrição.
“Lula” (Hubert) – Ah, Dilmandona, parabéns pela sua vitória nessa tal de eleição, entendeu, mas eu vou logo avisando, hein: não quero trairagem comigo, não. Quem vai mandar, sou eu… He, he, he…
“Dilma” (Cláudio Manoel) com voz rouca igual à de “Lula – Pode ficar tranqüilo, eu vou ser bem obediente e boazinha.
“Lula” – Eu sei, mas você vai ter que seguir o meu regime…
“Dilma” – É claro, chefinho, eu vou fazer tudo igualzinho, vou nomear até os mesmos ministros.
“Lula” – Não, não é nada disso que eu to falando, não. Tu vai ter que seguir o meu regime alimentar. Ó só: tu vai comer ovo, repolho, batata-doce e feijão. Todo dia… He, he, he…
“Dilma” – Mas chefinho, se eu comer isso todo dia vai dar muito pum.
“Lula”, segurando os ombros de “Dilma” e conduzindo-a à “cadeira presidencial” – Eu sei, mas eu quero que você esquente a cadeira pra mim. Assim, quando eu voltar, vai estar bem quentinha… He, he, he…

Lembro trechos de outra boa piada do blog do Hélio de la Peña (http://casseta.globo.com/helio-de-la-pena/platb/tag/humorsemcensura/).
Caso a lei eleitoral 9504/97  não estivesse em vigor, os candidatos reais poderiam ser sabatinados pelo Casal Nacional, William Bonde e Ótima Bernardes.
WILLIAM BONDE- Vamos apresentar agora os melhores momentos das entrevistas  com os candidatos à Presidência da República.
ÓTIMA BERNARDES – Candidata Dilma, no seu programa eleitoral, nós vimos que a senhora está cuidando do cachorro do Zé Dirceu. E nós queremos saber: o cachorro do Zé Dirceu também não quer largar o osso?
WILLIAM BONDE – Candidato José Serra,  o senhor pretende fazer obras para ampliar o seu aeroporto de mosquito para acabar com o caos do setor aeroportuário?

Queria lembrar também o corajoso Marcelo Madureira fazendo denúncias bem fundadas ao governo Lula.


Exemplos, dispersos eu sei, mas só pra ver como este humor tem lado, bem definido. Algumas vezes chega até apelar ao mal-gosto para fechar a piada e ainda fazer a dita crítica, muitas vezes fingindo imparcialidade. Mas as piadas amigas são tão críticas quanto as moscas que aterrissam no aeroporto serrestre. Apesar dos trechos pincelados, os exemplos são inúmeros (O que eram os personagens do Lula e do FHC?) Este humor crítico se comporta afinado com a grande mídia acuada, que sofre com a rigidez do socialismo implantado no Brasil.

O casseta nunca se assumiu como um horário partidário, mas foi perdendo graça assim como as novelas ipaneneses, regadas a champañe e bossa nova. Afinal parece ter dado cria, ao humor desesperado que nem crítica mais tenta fazer, se interessam mais pelo patrocínio.

Queria terminar com uma boa piada, mas esta historia me deixou tão pra baixo que vou terminar com essa frase mesmo.

Budapeste


Li em cerca de 12 horas Budapeste, um livro escrito por nosso infinito compositor Chico. Li e digo que foi uma das coisas mais bonitas que tive a possibilidade de ler.
A minha primeira tomada de contato com Budapeste foi vendo um dos documentários sobre o Chico no qual ele fala de sua empreitada na literatura, e da uma ênfase nos relatos sobre justamente este livro. Ele lê um dos trechos do livro, o que me causou profunda emoção.
Há algum tempo já namorava o livro em um dos sebos no centro, e finalmente me veio a vontade de adquiri-lo e consumar de uma vez a leitura.
Como imagino que seja usual, comecei o livro pela contra-capa(que na minha edição era realmente uma contra-capa), e pela orelha, que carregava elogios rasgadas a beleza daquele conjunto de palavras. Veríssimo (outro autor que me satisfaz a leitura), acusa Chico de ser um grande unidor de palavras, nunca vi uma carapuça servir como uma luva tão bem.
Enfim o livro trata de um sujeito, que atende pelo corriqueiro nome de José Costa, que, além de narrador, dedicava a vida a escrever discursos e artigos para vendê-los a autoria alheia, se aconchegando tanto no reconhecimento de seu talento, quanto no anonimato.
Em determinada ocasião, o narrador fica preso em Budapeste devido ao cancelamento de seu vôo. Em noite que passa sozinho na capital húngara, ele sente ser desafiado pelo idioma magiar, tendo vontade de se dedicar cada vez mais a dominar a língua, que segundo o próprio Costa, é a única que o diabo tem respeito. O narrador fica então, partido entre a vida descompassada, que leva no Rio de Janeiro e as possibilidades que se abrem em Buda, Abuda e Peste.
A historia é cortada por situações pensadíssimas, por personagens sedutores, e pela incrível agrupamento de palavras que só Chico sabe fazer.  Não sei como dizer mais, sem estragar todo o livro, já que cada detalhe escrito é bom de ler. Mas basta meu próprio testemunha, comecei a ler às 17 horas de um dia, e terminei as 10hs do dia seguinte, isso porque eu dormi, comi, tomei banho, vi meu email, fui a um aniversário. O livro vem com velocidade, e quando termina, da vontade que tivesse mais.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Morto - Levantando


Não havia caldeirões de fogo, nem cachorro de múltiplas cabeças, muito menos homens alados derramado néctar maravilhoso. Não doía nem ardia. Na verdade era meio sem cor, sem cheiro, sem sabor, como se o sol brilhasse vigoroso no céu e um monocromático inverno glacial despencasse em nossas cabeças. Como se soubesse que o morango é vermelho, a manga amarela, o limão verde, mas quase não se identificava o vermelho do morango tão inodoro quanto um vazio. Também não havia qualquer tipo de sabor, nada era doce ou salgado. A língua só identificava um sensação empapada, como se fosse servido um banquete de papel. Pelo menos se fosse amargo, o amargo seria uma pista do doce, uma lembrança por contraste. Mas não havia amargo. Alguns em seu desespero atiravam as próprias cabeças contra as paredes de concreto, mas não eram duras, muito menos brandas, tinham uma textura anestesiada.

Mas o mais terrível não era a falta de nitidez, o mais terrível era o tempo, um tempo que não corria de forma alguma, talvez a falta de uma morte o destruísse. O fato era que cada segundo pesava tanto quanto a eternidade. Por mais que se tivessem idéias que se contasse historias, o tempo não transcorria, era como se nada se movimentasse naquele mundo sem gosto. Uma estupenda monotonia. Tédio que afogava qualquer tipo de esperança. A única saída era a loucura. Foi isso que restava: a loucura. Uma multidão vagando desorientada por caminhos que não acabavam mais se enfileirando para buscar sabe se lá o que. Babando o que restava de dignidade em seu interior. Aquilo deprimia.

Encontrei um grupo de sujeitos, que afirmava que ali estava um mundo de sabor, nós que não sabíamos prová-lo. Diziam ver todas as cores, e que alguns já eram capazes de ver mais cores do que jamais acreditaram existir. Diziam que em cada bocado de pão havia uma explosão de sabores e perfumes, era necessário busca-los. Não havia pressa, pois não havia tempo que contar. Eu não sei se sou muito incrédulo, mas nunca consegui encontrar graça alguma naquilo, e aquela gente só me pareciam mais um tipo de demente.

Eu já quase me acostumava com a idéia de enlouquecer, era melhor finalmente me fechar em um mundo que eu ainda guardava na memória, acreditando que ainda era real, que sucumbir a verdade gris, e deixá-la ocupar o espaço das minhas boas lembranças.
Foi por isso que quando eu senti meu corpo todo cortado e ainda sangrando, o cheiro da minha carne quase apodrecendo, e do ar oxidando meus pulmões, quando senti o tique-taque indicando o final. Gritei aliviado.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Coisas da Vida- Milton Nascimento


o miope

É engraçado que só o passar dos dias transforma qualquer drama em farsa.
Tive que fazer um exame para entrar em um novo trabalho. Não passei logo de cara porque não estava enxergando muito bem, e tive de passar por um especialista.
Foi um drama, pois faz um certo tempo minha visão tinha se deteriorado, perdi parte da visão de um olho, e o outro tinha uma miopia galopante, depois de anos estável ela disparou em um grau. Na data do exame, por sinal fiz e refiz o exame, confirmando e reconfirmando as mesmas cifras elevadas.
Diante dos fatos vi meu humor abalado, parecia que em breve ficaria cego por completo. Cheguei a escrever algo que ao publiquei lamentando um destino que me doía, e que a cegueira do olho só viria para ser coerente com minha cegueira de espírito. Comprei até Budapeste, do Chico, para dar um alivio a alma, e realmente livro espetacular.
No dia seguinte fui a um especialista para receber a sentença final. E lá veio mais um 1, 50, aumentando em dois graus e meio e apenas dois anos. Mas desta vez a notícia não me doeu, pois já havia caminhando um pouco de olhos fechados e vi que a vida não acabava, estava pronto para oito, nove, vinte graus. O médico ficou meio receoso desta mudança brusca, e resolveu dilatar minha vista.
Daí veio a surpresa foram seis graus, só não aumentara, como ainda reduzira um pouco. Fui a outro médico que confirmou os mesmos números.
Pois bem a historia é besta, mas queria compartilhá-la pois estou com o espírito renovado. E as coisas são assim mesmo.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE VIOLAS


Título

Por acaso Eduardo abre o livro, escrito em letras tão miúdos quanto a mão pode escrever e o olho ler.

" escrever se tornou uma convulsão tão feroz quanto a vida, escrevo sobre tudo, sobre cabelos, sardinhas, bailarinas, cometas, pá de pedreiro, piolho, perucas. No inicio, acreditava que ganharia algum trocado com isso. Logo vi que a arte é salário de poucos, mas já era tarde, já era um vício, não me sentava sem que os dedos suassem um pedaco de lápis, caneta, e uma superficie que pudesse receber aquelas palavras momentaneas, como se dedo e diafragma repondessem ao mesmo bervo. Foi quando adquiro este livro imenso de folhas brancas e largas, espero que ele segure minha respiração durante o tempo suficiente para terminar uma história".

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

mais pra frente.

Leio Henry Miller, msi especificamente Trópico de Cancer.
Há décadas que sabe-se que a coisa vai mal, que todo sorriso parece um tremulo gesto de sarcasmo.
Diante disto parece que a felicidade dos anos 90, ou o que redunda dela até hoje, só podia ser os porcos, ansiosos em voltar a devorar as pérolas no jantar.
Isso só pode acabar mal.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

só isso

Depois de encarar os inevitáveis sermões. Me dizem:
_2400.
Que bosta! 2400 não valem os dentes obturados, imagina um ser humano inteiro.
Querem que nos contentemos com uns 2400 para ficarmos esquecidos e empoeirados em uma longínqua prateleira aonde não bate o sol.
Pois é meus caros. Eu queria muito acreditar, queria do fundo do coração. Mas me convenço que a única saída é realmente o pânico.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

eu preciso de sábado

às vezes tudo parece conspirar a nosso favor, Às vezes tudo parece conspirar contra.
no meio dessa intriga eu prefiria ficar quieto no meu canto. mas infelizmente amanhã ainda é quinta

terça-feira, 14 de agosto de 2012

recomeçar

não sei o que é mais difícil começar ou recomeçar.
Começar sempre é dificil por ser um pagina em branco que sugere sempre a inercia de um mar sem idéias, por outro lado Recomeçar é fazer pegar no tranco, tem um gosto de rotina. Mas como diria o pensador, os grandes feitos são fruto de apurrinhação...assim falou Zaraustra.

até mais


sábado, 11 de agosto de 2012

el guincho e javiera - novias


pra quem sofre com o amor!

ressucita-me


É possível ressuscitar um blog?
Meu blog faleceu alguns meses atrás. Razões pouco racionais, mas o fato é que eu pretendo ter uma segunda chance, se ele me aceitar.
Vamos ver.