tag:blogger.com,1999:blog-44143608405079872082024-03-13T16:47:10.054-04:00Na GarrafaNa Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.comBlogger241125tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-22453733789232635552019-08-12T12:57:00.001-04:002019-08-12T12:57:04.376-04:00Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-15487883622771140732018-10-29T14:36:00.001-04:002018-10-29T14:36:34.501-04:00O candidato<p dir="ltr">É fato que as mercadorias são forjadas como espetáculos e assim que se realizam na intimidade do lar de cada consumidor ela perde todo o seu glamour.</p>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-68693635381075237232018-10-24T07:05:00.001-04:002018-10-24T07:22:09.780-04:00Mil línguas<p dir="ltr">Se anunciou há algum tempo um monstro de mil línguas, e mil cores, assim como a serpente emplumada. Os homens todos temem encontra-la tanto quanto desejam esse encontro. A serpente se move das zonas quentes buscando conforto nas zonas frias. Apenas o que resta agora e aprecia-lo, pois ela vivem entre todos.</p>
<p dir="ltr">No meu perdão faço dois anúncios</p>
<p dir="ltr">Bem vinda a pobre guerreira. Venha nos salvar.</p>
<p dir="ltr">Bem vindo o sacedorte jovem, que deverá decidir lutar entre o lado da sombra e o lado da luz.</p>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-68717432440192811712018-04-02T12:15:00.001-04:002018-04-02T12:15:58.211-04:00infinito<br />
<div class="MsoNormal">
Cada gesto feito, será feito mil vezes</div>
<div class="MsoNormal">
Toda mão de ódio, será mil mãos de ódios</div>
<div class="MsoNormal">
Cada estupro, será <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mil estupros</div>
<div class="MsoNormal">
Cada aborto, será mil abortos,</div>
<div class="MsoNormal">
Cada bastardo, será um exercito de bastardos.</div>
<div class="MsoNormal">
Cada milha, serão mil milhas</div>
<div class="MsoNormal">
E cada um dos suspiros de saudade, serão mil lagrimas </div>
<div class="MsoNormal">
Cada pedido de ajuda, serão oração que ecoa por cada canto
do profundo infinito </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Você me escuta?</div>
<div class="MsoNormal">
pode me escutar?</div>
<div class="MsoNormal">
Voce esta ai?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E cada sorriso de Amor.</div>
<div class="MsoNormal">
Brilhará no céu todo o sol</div>
<div class="MsoNormal">
Que pode ser visto.</div>
<div class="MsoNormal">
E num gesto único tudo estará certo</div>
<br />Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-17638241048919038182017-12-27T14:38:00.000-03:002017-12-27T14:38:21.467-03:00 lição<div class="MsoNormal">
No fundo da sala havia um painel com 99 cartelas, na quais
estava uma ilustração, um numero e um nome. </div>
<div class="MsoNormal">
Os alunos não sabiam a principio do que se tratava, mas não
tardou muito para que descobrissem. Duas
crianças que conversavam em horário inadequado foram forçadas a andar com focinheiras
de ferro durante três dias. De fato na cartela 15, correspondente a palavra “silêncio”
havia um desenho triangular que lembrava a focinheira. </div>
<div class="MsoNormal">
O método se mostrava adequado, pois as crianças associaram
rapidamente a palavra “silêncio” ao numero 15, à formula triangular, e incorporaram
que não deveriam conversar entre si em hipótese alguma.</div>
<div class="MsoNormal">
A professora esclarecia:</div>
<div class="MsoNormal">
_ Cada castigo possui
uma falta correspondente.</div>
<div class="MsoNormal">
Numa segunda vez uma das crianças tropeçou. A professora
apontou para a cartela 54 “furo”. Pegou o braço da criança com uma agulha muito
fina, o atravessou, provocando um suave sangramento. A criança gritou durante o procedimento, o
que fez com a professora apontasse a cartela 5 “escuridão”. A professora levou a criança para
uma cela na qual não havia luz.</div>
<div class="MsoNormal">
Por outro lado, certo dia uma das crianças atirou um pedaço
de madeira na professora. Todos suaram frio, a criança autora do desrespeito
tremia o pânico. Foi indicado o numero 61 “desfile”. A professora instalou uma
coleira no pescoço da criança, deu apenas uma volta com ela, em seguida
desativou o castigo.</div>
<div class="MsoNormal">
A professora parecia sempre comprometida a aplicar o castigo
especifico. Certa vez uma das crianças levantou a cabeça antes da hora. Se sabia que o castigo correspondente era “limpeza”,
que consistia em raspar a pele das costas com uma lixa grossa. A criança começou
a lacrimejar, ação que não possuía castigo determinado. A professora se aproximou com a lixa, mas hesitou,
pois a criança chorava muito. Por alguns
segundos pareceu que não seria dado o castigo, porém, após respirar
profundamente, a professora foi firme e concluiu sua tarefa.</div>
<div class="MsoNormal">
Aos poucos as crianças foram conhecendo um a um os castigos
representados nas cartelas e suas respectivas faltas. Exceto justamente a cartela 99, no qual havia
uma trapézio invertido e trazia a palavra “intervalo”. </div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Até que um dia uma das crianças derramou um pouco de água. A
professora chegou com um pedaço de ferro quente e marcou a mão das crianças.
Uma delas entretanto falou que aquele seria o castigo 32 e não o 52. A professora,
percebendo o seu erro, foi até o armário tirou uma pequena guilhotina colocou
sobre a sua mesa, posicionou as próprias, e com os pé a acionou.</div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-25678318378113785462017-12-23T18:21:00.001-03:002017-12-23T18:21:30.306-03:00Acordo<p dir="ltr">Ricardo fez uma proposta de acordo para Geraldo, e adiantou que aceitaria todas as condições. Geraldo se aproveitando, resolveu reivindicar o máximo que pode. <br>
Impôs que se apresentaria só quando desejasse. Condição aceita por Ricardo.<br>
Propôs que teria a maior casa, jamais construída. Condição aceita. Própos que ganharia o dobro toda vez que desejasse. Aceita.<br>
Geraldo resolveu impor condições cada vez mais insolitas. Nenhuma negada por Ricardo.<br>
Depois de não conseguir pensar em mais nada. Geraldo foi até Ricardo e disse que não aceitaria o acordo. Ficou com medo da contra partida.</p>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-51649474325757694322017-11-19T20:19:00.002-03:002017-11-19T20:19:51.288-03:00casuloO filho pergunta a mãe "o que é uma borboleta?". A mãe desesperada rompe o casulo e foge pra nunca mais voltar.Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-83121592490088806602016-06-12T12:33:00.001-04:002016-06-12T12:33:00.327-04:00Bom dia<div style="margin-bottom: 0cm;">
De longe já se ve toda a incompetencia
do sujeito.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Olha como se senta, percbe suas roupas?
Falta de escrupulo sò pode ser falta de escrupulo.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Se vira pro lado. Por que tanto se virà
pro lado? Por que me sorri? Ja se ve a indole. Nao vou me sentar ao
seu lado.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Pra que tanto mexe o bigode naquele
copo. Serà que acha que aqueel copo vai ficar mais limpos esfregando
aquela bucha nele?</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Se eu não me contenho, nem sei o que
faço. Um sujeiro radical desses , não sabe nem conversar. E ai
depois vem gente querendo defender. Eu sempre fico no meu canto pra
não criar problema, mas desse jeito dè.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Ainda bem que já tá pagando, ainda
bem que já vai embora.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Vai logo, ninguém te quer aqui,
ninguém. Vai logo.</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-75293636309270298242015-03-04T22:12:00.000-04:002015-03-04T22:12:00.488-04:00conto 7O pai do Eduardo bateu nele porque ele corria enquanto o bebê
dormia.<br />
<br />
<br />
<br />
Eduardo ficou com mais raiva do bebê, pois sentia que ele roubava
toda a atenção.
<br />
<br />
<br />
<br />
Eduardo desejou que o bebê sumisse.<br />
<br />
<br />
<br />
Um dia os pais do Eduardo tiveram que levar o bebê no hospital.
Quando o carro saia, o porta-malas abriu, e o carro do bebê caiu.<br />
Eduardo se assustou e se sentiu culpado com a queda do carrinho, e
se arrependeu de desejar tanto mal para seu irmãozinho.<br />
<br />
<br />
<br />
A noite seus pais chegaram com o bebê melhorzinho. Eduardo ficou
muito feliz de ver o bebê bem, e passou a ser seu melhor amigo.<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-91917677328510832872015-02-25T01:35:00.000-04:002015-02-25T01:35:00.251-04:00conto 6<div style="margin-bottom: 0cm;">
Foi naquela tarde, quando a Tia Laura
chegou em casa.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Quem fez essa bagunça no meu quarto?</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Foi a ratazana voadoura, Tia Laura.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Martinha, você sabe que a ratazana
voadoura não existe. Quem fez essa bagunça no meu quarto?</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Existe sim Tia Laura. Eu vi. Ela
entrou pela janela. Abriu essa buraco no armário, e comeu toda as
caixas de chocolate.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Martinha, a ratazana voadoura não
existe. Mas se você não quer dizer quem fez essa bagunça e comeu o
chocolate suíço do Loló, tudo bem. Não tem problema nenhum.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Problema nenhum uma pinoia. A janta foi
sopa de chuchu sem sobremesa. Mas Martinha nem ligou.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Os adultos diziam.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Para de comer bala que a ratazana vai
vir chupar seus dentes.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Para de jogar videogame, senão a
ratazana vai arrancar seus dedos.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Para de falar no celular senão a
ratazaná vai rasgar sua orelha.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
As crianças todas morriam de medo.
Martinha não. Martinha queria comer todas os chicletes, ter bolhas
nos dedos de jogar videogame, calos na orelha, só pra ver o roedor
alado.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
As crianças se escondiam de Martinha,
que não se importava. Se alguma criança se aproximava para
importuná-la. Martinha dizia:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Voa voa ratazana voadoura.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
E apareça bem aqui agoura</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Voa voa ratazana voadoura.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
E apareça bem aqui agoura</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Voa voa ratazana voadoura.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
E apareça bem ….</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Antes que Martinha completasse o
terceiro verso, a outra criança já estava longe, e Martinha
continuava em paz.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Só que Martinha sabia que não
adiantava chamar, a Ratazana nunca mais apareceria.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Foi naquela tarde na casa da tia Laura
que Martinha viu a Ratazana. Depois que ela saiu pra comprar mais
cocola para alimentar seu lianlazian que já tinha comido meio balde
de chocolate belga, e ficara cheio de energia para latir e perseguir
Martinha que se defendia com uma vassoura. Naquela tarde, de repente,
um guinchado de horror pode ser escutado. O lianlazian fugiu
rapidamente, antes que duas lindas asas brancas invadissem o quarto
da tia Laura e devorassem todo o chocolate que sobrou, e ainda
destruíssem todo o armário famintas por mais doce.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Martinha tentou aprisionar o animal,
mas armada somente com a vassoura só conseguiu assustar o bicho que
destruiu todo o quarto e fugiu.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Martinha ficou decepcionada e
maravilhada com a criatura que voava pela janela. Nem ligou para sopa
de chuchu sem sobremesa.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Foi desde então que Martinha ficou
decidida a rever a ratazana.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Mas parecia inútil, por mais Martinha
comesse chocolate, por mais que chamasse, a bicha não aparecia. A
garota entretanto sabia onde procurar. Foi quando soube que ficaria
de novo na casa da tia Laura que armou seu plano. Esperou que a tia
Laura, saísse para fazer compras, depois abriu os chocolates
comprados para todo o mês. Colocou todas na sala.
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O cachorro maldito, correu latindo
atrás de Martinha, mas quando viu aquela montanha de chocolate
resolver se afogar nela.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Martinha começou:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Voa Voa ratazana....</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Voa Voa ratazana....</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Voa Voa ratazana....</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
E de repente asas enormes encobriram as
luzes do quarto e um só ZAP, arrancaram a cabeça do lianlazian com
chocolate e tudo.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O animal começou a comer todo aquelas
guloseimas e nem percebeu que Martinha se aproximava com um cesto de
lixo. Martinha caminhava em silêncio, mas por acaso do destino,
suspirou. O animal escutou e procurou fugir, mas Martinha já havia
fechado todas as portas e janelas. A ratazana voou loucamente pela
casa, destruindo vasos, quadros, móveis Martinha corria atrás.
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A noite quando tia Laura chega, se
depara com uma casa toda destruída, chocolate esparramado por todos
os lados, e um cachorro sem cabeça.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Tia Laura grita:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_ MARTINHA</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Martinha não foi encontrada nem a
ratazana, ao invés disso apenas uma janela abrindo espaço para
imensidão azul do dia.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-24554945952572757492015-02-18T23:32:00.000-03:002015-02-18T23:32:00.154-03:00conto 5<div class="MsoNormal">
Mãe e filho viviam brigando. Brigavam por tudo, pelas roupas
surradas, pelas bolas chutadas, pela falta de higiene. Um dia o filho disse que
faria uma tatuagem. A mãe proibiu fortemente. Os dois brigaram outra vez.
Brigaram tanto, que o menino ficou quieto e foi para seu quarto. Ficou quieto vários
dias, tao quieto que um dia a mãe resolveu
ver o menino tomando banho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Surpresa! Havia um desenho de um cachorro nas costas do
filho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A mae entrou no banheiro brigando, o menino foi respondendo.
Os dois brigaram tanto que de repente o menino latiu. A mãe retrucou, ai o
menino latiu de novo, e não conseguiu mais falar. A mãe sacudiu o menino, como
se o sacude fizesse sair pra fora a capacidade de falar. E não é que saiu uma
voz, mas não era a voz do menino, era uma voz que emanava. Uma voz possante.
Era o cachorro da tatuagem que falava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
_Minha senhora, não adianta sacudir. Só deixara seu filho
tonto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
_Meu deus, você fala!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
_Sim falo, agora falo melhor que seu filho, que agora só
lati.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-47799158786260040782015-02-04T07:04:00.000-03:002015-02-04T07:04:00.052-03:00conto 5<div class="MsoNormal">
Antes só havia o silêncio, um silêncio total e absoluto, foi
quando se iniciou a Palavra. Ela fazia um esforço para nascer naquele mar de
calma. Fazia muito esforço, muito esforço. Até que, bumba, Nasceu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Era M, a Palavra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O silencio não despareceu. A Palavra e o Silencio eram a
mesma coisa e ecoavam por ai como irmãos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
M era a fonte de todas as outras palavras, quando alguém
queria dizer algo, ao contrário do que se pode imaginar, dizia M. Todas as
palavras a serem ditas eram criadas a partir de M, em um tempo onde as coisas sussurravam
o próprio nome. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por que hoje em dia as pessoas não dizem mais M?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu não sei direito, mas acredito que as pessoas não dizem
mais M por conta das cadeiras. É verdade:
as cadeiras. Talvez assim como as cadeias e as carteiras, as cadeiras impedem
que as pessoas conseguiam dizer a única palavra. Foram as cadeiras que permitiram
que as pessoas mentissem e dissessem qualquer coisa, antes não dava. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por isso que eu sugiro que para por fim a mentira que existe
que todo mundo sente de agora em diante como índios.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Eu ensino, você paga uma perna, cruza com a outra perna e
senta, fica bem molinho e pode conversar com seu amigo do lado. E quando tiver
bem relaxadinho, possa soltar um PUM bem sincero.<o:p></o:p></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-13695428144710458052015-01-28T23:12:00.000-03:002015-01-28T23:12:00.540-03:00conto 4
Neco se esticava na cama chateado. O pai perguntava se ele não
sairia de casa. O menino dizia que não. Não tinha mais motivos para
sair de casa, desde que teve fim o time do Podrão.<br />
Neco não lembrava como começou o time do Podrão, só lembrava
que quando começou ele já estava por lá. Ia sempre no Podrão, um
lugar conhecido pelo cheiro ruim que espantava até urubu, mas que
não causou arrepio em Neco, porque seu nariz entupido. Neco achava o
matagal que envolvia o Podrão um lugar agradável para prática de
chute a bola.<br />
<br /><br />
<br />
Não lembrava se quando chegou o Totói já estava ali, ou se ele
chegou depois, mas lembrava que suas primeiras pernadas na bola teve
como parceiro o Totói. Neco tinha quase certeza que a Marmota estava
lá, e o Piolho também. Na verdade todo mundo tinha chegado meio
junto, Perneta, Zaroio, Dodonha, Fufu, Caca, Jojo, Aranha, Volinho e
Pirambeira. Era essa toda a equipe, às vezes estavam todos, as vezes
não estava ninguém, mas quando estavam juntos a bola rolava alegre.
As tardes corriam até a ultima gota de sol, como se fossem o último
time do mundo, até a bola ficar redonda demais naquela escuridão,
as mutucas atacarem com fome, e já fora hora de voltar pra casa.<br />
<br /><br />
<br />
Um dia o Alfredo, primo do Neco, disse que o vizinho dele
tinha se inscrito em um campeonato de futebol que valia um
premio. A lanterninha da cozinha da cabeça do Neco acendeu. Ele
resolveu convencer todos da equipe que eles deveriam se inscrever no
tal campeonato, o que não foi fácil, pois significariam que
deveriam estar todos nos mesmo horário, e alguns não acordavam cedo
de jeito nenhum. Depois de todos estarem de acordo, tiveram que
arranjar dinheiro pra inscrição, o que significou pedidos para os
pais, carregamentos de sacolas para vizinhança e até pequenos
furtos. Finalmente conseguiram juntar o dinheiro necessário, então
tiveram que pedir para um adulto. Foi o próprio pai do Neco que
inscreveu a equipe no Campeonato Juvenil de Futebol Amador. <br />
<br /><br />
<br />
Neco estava tão animado que conseguiu contagiar todos para que
estivessem na hora, no dia e no local que a equipe defenderia seu
brasão. O dia ensolarado prometia uma partida emocionante. Mas não
foi exatamente o que aconteceu. A equipe do Podrão sofreu desde o
começo, primeiramente com dois desfalques. O campeonato permita
apenas garotos, o que impedia que Perneta e Caca jogassem, já que
eram meninas, apesar do protestos das duas, e de toda a equipe,
já que Perneta era a grande craque do Podrão.<br />
<br /><br />
<br />
Mas os problemas não pararam por ai. Nitidamente prejudicada pela
arbitragem, a equipe do Podrão não teve momento de descanso. Logo
no inicio, disse o juiz, que eles não podiam começar jogando
com a bola, pois o adversário havia ganho no par o impar. Depois
tiveram a bola tomada pelo próprio juiz que disse que eles deveriam
respeitar quando ele usasse aquele apito insuportável. Depois disse
que eles não podia chutar a bola para muito longe, que era fora, não
podiam socar o adversário que era falta, não podiam botar a mão na
bola que era falta, não podiam xingar que era falta, e falta, e
falta e falta, e gol, e gol, e gol do adversário. Mal escutavam gol
já viam a rede balançando de novo, um verdadeiro massacre.<br />
<br /><br />
<br />
Massacre tão duro, que abalou até o brio de Neco, que irritado
com aquela humilhação, acusou Zaroio por haver cuspido no juiz,
Zaroio disse que se defendia das broncas injustas que tomava. Neco
também acusou Jojo, de não haver tocado na bola. Jojo respondeu que
preferia ficar quieto a ficar escutando as apitadas. Totoi ficou com
raiva de Neco, por distribuir broncas e fazer com que ele gastasse
toda sua mesada naquele campeonato, estúpido. Volinho foi defender
Neco. Perneta e Caca ficaram com raiva de todos os meninos que
jogaram mesmo sem as duas. No final todo mundo estava com raiva de
todo mundo, e foram todos para casa jurando nunca mais pisar no
Podrão.<br />
<br /><br />
<br />
Ninguém ficou mais abalado que Neco, que havia apostado muito
naquele campeonato, e agora não tinha nem mais time para jogar.
Foram meses que ele passou sem pensar em bola, ficando cada vez
mais triste, até que uma saudadeiznha começou a apertar seu
coração, e apesar de tudo, ele volta ao Podrão, mas quando ele
volta a aquela arena que havia recebido altas demonstrações da arte
com a bola ele a encontra toda cercada com uma placa dizendo, que por
ali passaria uma avenida.
<br />
<div align="LEFT">
<br /><br />
</div>
Neco ficou arrasado, se sentia culpado pelo fim tão triste da
equipe do Podrão, lembrou com saudade. Seus olhos marearam. Assuou o
nariz e sentiu falta até do fedo do Podrão, tanta saudade que teve
a impressão que até sentia o cheiro do Podrão. Opa mas não era só
impressão, ele sentia o cheiro do Podrão. Neco foi seguindo
farejando aquele fedo, até chegar a um matagal, no meio de um
terreno baldio. Neco reconheceu aquele cheiro horrível de crianças
correndo atrás de uma bola. Pode ver ao fim, no meio do mato alto,
todo mundo ali. O pessoal quando viu Neco acenou para que ele se
aproximasse. O Podrão estava ali, e a melhor equipe do mundo podia
continuar jogando.<br />
<br /><o:p></o:p>Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-19662746120635605832015-01-21T20:17:00.000-03:002015-01-21T20:17:00.078-03:00conto 3
<div style="margin-bottom: 0cm; page-break-before: always;">
Os animais
correm desesperados para a escuridão da mata. Um homem sábio
reconhece que só pode ser Jurueca que provocou tamanho pavor e
também se recolherá antes que o monstro o veja.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Jurueça é uma criatura que caminha
comendo tudo que existe. Movida por uma fome furiosa, que não poupa
nem a mais duras das pedras. Seu corpo coberto por mil bocas atacam a
tudo que esteja a seu alcance, e são capazes de descobrir até o ser
mais oculto passível de ser devorado. Todos devem temer Jurueça.
Todos sabem disso.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Entretanto poucos sabem que este
monstro que provoca tanto medo, já foi uma bela jovem, que tinha
tanta vontade de conhecer o mundo que fez brotar em sua testa um
terceiro olho. Mas a jovem queria mais, e logo surgiu um olho em sua
garganta. Não satisfeita fez surgir um quinto olho em seu umbigo, em
seguida um sexto em suas costas. Sua curiosidade era tanta que logo
seu corpo estava coberto por olhos, que desejavam ver tudo que
existia.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Aqueles olhos desejosos da experiência,
não se contentavam em ver, foi um passo para que eles engolissem
tudo que estavam a seu alcance. Jurueça em seu desespero de
conhecer, acabou sendo condenada a vagar pelo mundo devorando tudo
que se pusesse em seu caminho numa vontade de conhecer que não podia
ser satisfeita.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Entretanto, a bela jovem que habita o
corpo do monstro, uma vez por dia, antes que o sol se ponha, faz um
esforço e fecha todos seus olhos-bocas, revelando toda sua beleza. E
por alguns instantes ela se banha nas águas de uma cachoeira, na
esperança de viver uma calma que foi perdida para sempre .</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Um dia, como fazia sempre, Jurueça
fechou todos os seus olhos e foi banhar-se, sem perceber que um jovem
se aproximava podendo ver toda a beleza perdida do monstro. O jovem
olha maravilhado para tanta beleza, até perceber que os olhos
começam a se despertar, e foge de um golpe só, mantendo-se
inpercepido.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O jovem resolve observar o banho da
Jurueça todos os dias, fugindo ao perceber que os olhos começam a
se abrir. Sem conseguir resistir, ele vai se apaixonando pelo
monstro. Até um dia, que incapaz a resistir a sua paixão ele se
aproxima enquanto Jurueça se banha. E ajoelhado diz:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Jurueça_Diz o rapaz.
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O monstro se vira assustado, abrindo de
uma vez todos os olhos.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Você é a coisa mais formosa que vi
em toda minha vida. E queria dizer que todo meu amor é seu.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Jurueça se emociona com o amor daquele
jovem. Justo ela que havia se acostumado com o pavor e ódio de todas
criaturas, agora ela podia receber o amor.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Os mil olhos de Jurueça então se
encham de lagrimas. Seu coração, acelera, como acontece com os
amantes e tomada do mais puro amor, ela devora de uma só vez o
jovem.</div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-42068918141819816122015-01-14T19:36:00.000-03:002015-01-14T19:36:00.403-03:00conto 2
<div style="margin-bottom: 0cm; page-break-before: always;">
O Joãozinho
comprou a revista do Capitão da Capa Amarela, e gostou muito, porque
o Capitão da Capa Amarela acordou às seis da manha como Joãozinho,
o Capitão da Capa Amarela havia comido arroz, feijão, bife e salada
no almoço, assim como Joãozinho, o Capitão da Capa Amarela,
assistia ao desenho antes da novela, do mesmo jeito que Joãozinho,
tudo que Joãozinho fazia o Capitão da Capa Amarela também fazia. </div>
<div style="margin-bottom: 0cm; page-break-before: always;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Joãozinho gostou tanto da revista do
Capitão da Capa Amarela, que indicou para Biazinha. A Biazinha
adorou a revista do Capitão da Capa Amarela, porque que o Capitão
da Capa Amarela fez a Biazinha já tinha feito também. A Biazinha
perdeu o último dente aos sete anos, o Capitão da Capa Amarela
também. A Biazinha não gostava de dentista, Capitão da Capa
Amarela tampouco. A Biazinha aprendeu a anda de bicicleta, o Capitão
da Capa Amarela também. A Biazinha gostou tanto, que recomendou a
revista para a Carlinha.ç</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A Carlinha virou fã do Capitão da Capa
Amarela, porque tudo que ela queria fazer o Capitão da Capa Amarela
também queria: a Carlinha queria arrumar o quarto no fim de semana,
o Capitão da Capa Amarela tinha arrumado o quarto no fim de semana.
A Carlinha queria tomar groselha com leite, o Capitão da Capa
Amarela tinha tomado um copão de leite rosado. A Carlinha queria dar
para mãe uma panela. O Capitão da Capa Amarela tinha dado uma
panela bem bonita para mãe dele. A Carlinha gostou tanto que elogiou
a revista para o Zezinho.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O Zezinho também gostou da revista,
mas percebeu que ele faziam uma coisa que o Capitão da Capa Amarela
não fazia: O Capitão da Capa Amarela não lia a revista do Capitão
da Capa Amarela!</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Foi então que Zezinho resolveu ele
mesmo escrever as histórias.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O Capitão da Capa Amarela encontra na
sala de sua casa uma bisnaga integral, ele dá uma mordida, sem saber
que se tratava de um portal para o incrível mundo das conchas
pacifistas. O rei das conchas pacifistas chama o Capitão da Capa
Amarela, para um jantar, onde só se podia segurar os talheres com os
pés, o que provocou uma fome avassaladora na barriga de nosso herói.
O rei concha confessou que para manter a paz no seu reino ele
precisava encontrar o bumerangue escarlate, que poderia banir todo
tipo de desentendimento deste mundo. Para tanto ele precisava do
auxilio do Capitão da Capa Amarela, experta em assuntos
bumeranlógicos. O nosso herói. Se sente honrado, mas não sabia
como iniciar sua busca. O Rei sugere que o Capitão da Capa Amarela,
busque o buraco enclavado. O herói inicia a busca, mas logo descobre
que o buraco é uma armadilha da pimenta assassina…</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
E assim segue a história de Zezinho.
Que vai cada vez escrevendo mais e mais e mais, escrevendo tanto que
não se da conta da capa amarela que balançava em sua janela.</div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-88727351505970169432015-01-07T22:22:00.001-03:002015-01-13T07:12:39.863-03:00conto 1<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe procura alguém pra cuidar do
menino enquanto ela trabalha.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O menino, pra matar o tempo, atira
pedras na rua. Atira uma, depois outra, e mais outra, até percebe
que um fiozinho d água escapulia por um buraco que uma das pedras abriu na
rua.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O menino, assustado, enfia o dedo pra
tapar.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe, vendo a cena e sem entender nada, dá uma
bronca e puxa o menino com o dedo junto. O buraco fica maior.
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe dá um grito quando vê um
peixinho saindo pelo buraco.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A vizinha sai pra ver de quem era o
grito. Vê o buraco cuspindo água. Pega um cabo de vassoura e enfia de uma vez. A água
para por pouco tempo. Até um caranguejo, com sua pata, empurrar a vassoura pra fora e sair correndo atrás da água.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O padeiro, preocupado com o vazamento,
leva uma baguete pra por fim aquela aguaceira. Mas uma tartaruga não
deixa que ele realize seus planos.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O pessoal resolve chamar o encanador
pra resolver o vazamento. O encanador, coitado, fica amarrado a um
polvo que dá um abraço, achando que eram amigos.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Os moradores, então convocam a
polícia, que foge de medo de um tubarão que surgia do buraco.
</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A situação não tinha jeito,
precisavam chamar os bombeiros. Os bombeiros chegam a tempo pra ver
uma imensa baleia saindo do buraco. Eles até tentam resolver a
calamidade, mas já era tarde, todo mundo já se divertia na praia. </div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-51708098943508053642014-12-21T09:05:00.000-03:002015-01-08T17:56:36.403-03:00conto 4<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe se escondia atrás de uma pilha
de roupa que precisava ser lavada quando o menino diz:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Tive um sonho ruim</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe não se abala com a confissão.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Eu sonhei que o avô morreu, que a avó
morreu, que o tio e a tia morreram, que o pai morreu, que você
morreu, que eu morri….</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Ai menino, para de falar besteira!</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Mas é verdade mãe, eu morri.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Cala boca, menino.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe não era de dar bronca, mas muito se preocupava com tudo que tinha de fazer. Precisava lavar
a louca, lavar a roupa, depois secar, passar, limpar os quartos, a
sala, a cozinha, a copa, o quintal, e o trabalho só se amontoando.
Precisava se virar com a falta de dinheiro e buscar formas de
sustentar a casa. Não queria ter mais uma preocupação. Não queria
se preocupar com um diminuto que creia não estar vivo, destemendo a
morte.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Menino, desce já da janela. Você vai
se machucar.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Não vou não mãe! Eu já morri.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Podia ser que o menino não tivesse
mais medo da morte, mas sentia medo de umas boas chineladas.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe batia, mas sentia pena, o menino
não fazia por mal. Mas ela também não podia deixar que ele ficasse
por ai brincando com facas, correndo atrás de cachorros na rua, se
pendurando em árvores.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Hoje eu falei na escola que eu estava
morto, ai as crianças começaram a rir. Ai eu falei que ia na casa
delas a noite, e agora todo mundo tem medo de mim.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Para de falar essas coisas, vai ficar
sem nenhum amigo.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe sabia a dificuldade de estar sozinha cuidando de
uma criança tão pequena. Mas a vida é assim. As crianças precisam
ser cuidadas, elas não crescem sozinhas, mesmo aquelas que pensam
que estão mortas.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Certa vez a mãe acordou sentindo
um cheiro de queimado. Levantou desesperada. Um bafo vinha da
cozinha. O menino estava lá, hipnotizado pela mobília incendiando.
A mãe desesperada, atravessou o fogo e conseguiu abrir as torneiras
e lançar a água contra as chamas que já ganhavam volume. Foi com
alguma luta que ela encerrou o perigo, mas o menino ficou com as mãos
queimadas.
</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_Foi você que fez isso?</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O menino, ainda atonito, sacudiu positivamente a
cabeça. A mãe chorou o destino da cozinha, estava tudo destruído,
e a falta de dinheiro não ajudaria em nada. O menino percebido da
angustia da mãe diz.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
_ Mãe, eu vou te ajudar.<br />
A mãe chorou o seu destino. </div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Desde então o menino esqueceu a certeza da própria morte. As marcas do fogo na mão mostravam que ele
estava bem vivo. Tão vivo que começou a cuidar de tudo, ajudava a
mãe nas necessidades da casa, da comida até os pregos. Começou a
trabalhar duro, terminou os estudos, conheceu uma moça, casou-se, teve
seus próprios filhos.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A mãe foi acompanhando o menino crescer
e ficar responsável. Foi também se acostumando no seu canto, vendo-o cuidar de si mesmo e de toda família. Se
acostumou tanto que um dia mal percebeu, quando sentou-se na mesa de jantar,
que não havia um prato para ela. Então olhou a família do filho comendo e conversando feliz. Logo se deu conta que poderia
seguir seu caminho em paz.</div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-65843004006716753722014-05-27T21:12:00.002-04:002014-05-27T21:14:25.650-04:00Conto 3<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Ele tenta com
esforço ver o que ocorre la embaixo, busca árvores, automóveis,
pedestres, asfaltos, semáforos, uma moça saindo tarde de casa,
um solitário taxista, um ambulante boêmio, mas mal consegue
diferenciar um saco de lixo de um dentista. Apenas pode ver o reflexo
do amplo salão nos vidros da janela, por mais que este ambiente
pareça ser menos iluminado que a noite. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><br /></span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred finalmente
desiste de encontrar qualquer distração, e se volta para dentro. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred não fala,
apesar de estar entre amigos, de ser seu aniversario, da extravagante
comemoração, ele não fala. Não fala, porque não conseguiu
enxergar a rua. Realmente, nem podia mais produzir um sorriso que
disfarçasse seu tédio. Tédio era a única palavra que ainda fazia
sentido para Fred, nem raiva, nem tristeza, nem melancolia, só uma
angustia que ele remoia com tão constante dedicação que já
acreditava ser parte tão vital quanto o coração.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Carmela, namorada de
Fred, organizara a comemoração. A praxe era que as cerimônias da
fraternidade fossem convocadas por ele e cada um dos membros fosse
responsável por trazer os convidados. Esta era primeira tentativa de
convocação de Carmela, uma tentativa tão ousada que ninguém teve
esperanças que Fred se emocionasse. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Há tempos a
fraternidade havia sido formada. A Fraternidade da Esperança como
dizia o próprio Fred, “onde
se buscaria o limite da liberdade que o corpo humano poderia
produzir”, e de fato tentaram do possível ao impossível, até
finalmente desenvolver-se
o Liquido, último
enclave desta saga,
resultado de processo custoso e complexo, de matéria-prima difícil
de extrair e ainda mais dificil
de sintetizar. que só era levado a cabo pela forte sensaçao
proporcionada pela sua ingestao.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred admitia que
houve a sua graça, quando começaram a consumi-lo. Mas agora não
surtia qualquer efeito em seu corpo, e ninguém conseguia imaginar
que outro caminho poderia ser tomado. Talvez o mais certo seria
dissolver o grupo, decisao censurada pelo temor do que poderia ser a
vida após.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Senilidade da
vanguarda_ apelidava Fred. Já não tinha mais animos para aqueles
encontros, mas para sua triste surpresa a fraternidade lhe preparara
algo que ele já havia classificado como excrescência, mesmo porque
há tempo não comemorava seu próprio aniversario. homenagem que
pouco fazia sentido para ele, um homem acima do tempo, como a si
mesmo se referia. Tudo era tão desprezível, que Fred decidiu
desmoralizar de uma vez por todas aquele decrépito evento, assumindo
o papel de orador, do qual, uma vez, tanto se orgulhou. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Senhores, Boa
noite. Os agradeço pela cerimônia que me oferecem, me honro pela
homenagem prestada e pelo afeto com que sou recebido pelos amigos
mais próximos, assim como pelos demais convidados. Entretanto, esta
noite de alegria me provoca pesar, pois não posso me esquivar da
indignação que sinto diante de alguns equívocos que temos repetido
durante os últimos anos. Todos os mais íntimos sabem do assunto que
pauto, e espero que, assim como eu, se repreendam também Mas
evidenciarei o tema para os indivíduos mais distraídos e para os
novos convidados. Iniciarei rejeitando os mal tratos que temos
dedicado a nossos colaboradores. Essas pobres criaturas que não tem
como se defender são alvos das mais diversas humilhações que a
nossa cruel imaginação é capaz de cunhar. Sabemos que essa noite
não é mais do que um novo turno desse tipo de atrocidade, todos
sabemos disso, nós e eles. Em seguida, depois que um de nós estiver
em condições avançadas de entorpecimento se iniciarão as nossas
inconsequentes barbaridades. E para que? </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Parte dos amigos
aplaude. Fred não se detem.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Contudo, existe
questão, que por sua importäncia, necessita de pauta especifica.
Sabemos do que se trata, algo a que reduzimos toda a nossa
existencia, e que no momento eu me encontro liberto. O liquido,
substancia que aprendemos a extrair e benficiar, tem sido o maior
motivo de nossa lamentavel situação. Testemunho pois já me
libertei desta substância, e acredito que vocês devam seguir o
mesmo caminho. Vejam o estágio ao qual chegamos, qualquer motivo é
suficiente para se engeri-lo, mas nunca haverá suficiente. Sabemos
que o liquido é ilicito, e sabemos o custo que é se livrar dos
residuos de sua produção. Não acredito que se possa seguir assim,
por isso evoco o último resto de dignidade que nos resta e deixemos
esta mancha em nossas histórias e assim possamos cultivar uma nova
forma de humanidade.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Os presentes
iniciaram um burburinho, alguns aplaudiram, outros deram uma forte
risada, como se o pedido fosse mais uma idiossicrasia da festa. Mas
Carmela não achou a menor graça, e fez a sua fala:</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Hipócrita, isso é
o que é, um hipócrita. Discursa como se tivesse muita decência,
mas sabemos que suas ações vão pra um caminho diverso. Discursa
como se temesse a lei, como se não houvesse feito coisa pior. Você
não sabe o que quer, a única coisa que procura é cultivar sua
maioridade em relação aos demais. Meus amigos, esse discurso é só
para isso, não veem? Ele só deseja mostrar a vulgaridade de nosso
atos, e que ele, o iluminado de nosso grupo, recusa nossa
bestialidade, como se a primeira besta não fosse ele, como se não
fosse o criador do liquido. Quando ele nos acusou de sermos
reprimidos, crianças mimadas que sentem vergonha de buscar a
liberdade, quando já tinha esgotado qualquer vitalidade em seu
corpo. Nós o seguimos de bom coração. E agora, de novo quase
moribundo, inventa que devemos mudar nosso hábitos, como se com isso
não fossemos sacrificar a originalidade de nós mesmos. E quando
assim fizermos ele nos acusará de conservadores. Ele pensa que é
ainda possível encontrar algo que o tire da letargia. Pois saiba,
meu amado, que não existe mais nada. Não nos deixemos enganar por
essa figura moribunda.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred olha
indiferente a Carmela, com a luz de uma lâmpada branca refletindo o
seu rosto. Carmela, em contraste, bufa de ódio, sentimento que ela
ainda contiva. Ódio que foi crescendo a cada dia que compartia com
Fred e seus comentários que invariavelmente, a desqualificavam. Mas
como a única emoção que conseguia sentir era justamente este ódio,
vivia ao lado de Fred. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred fitou
lentamente os convidados que se divertiam com a briga do casal atrás
da luz que pouca iluminava o salão.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Desgraçado, se não
fizesse esforço não teria organizado esta maldita festa pra
despresivel como você. _bradou Carmela.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Essa festa? Isso
aqui? Não precisa me insultar. Eu sei que essa festa era para você,
você que se diverte com este tipo de desgraça. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Desgraçado é
você, você que não sente mais nada, que é um infeliz, que não
tem com quem contar. Essa festa estaria vazia se não fosse por mim. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Pois tenho que
reconhecer seu esforço em me agradar. Por exemplo este rapaz com
quem você passou a noite conversando, ele sabe sobre as suas boas
intenções? Será que ele é capaz de imaginar? </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">O rapaz em questão
já não é mais capaz de caminhar por conta própria, cai no chao e
começa vomitar. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Meu querido, ele
não poderia imaginar, pois ele era um presente. Um presente custoso,
que me exigiu muita paciência, mas infelizmente ele agora poderá
não cooperar, graças a seu gesto humanista. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">O rapaz vomita tanto
que um dos empregados carrega para uma das portas.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Seu eu precisasse
de uma criatura tão miserável eu mesmo teria buscado. Mas eu já
não preciso disso. Inclusive meus queridos penetras, vocês sabem
que quem se diverte mais com a festa são exatamente os nossos
ilustres convidados? Desfrutem da bebida e preparem seus corações,
pois a noite será entretida. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Jaime, um amigo
antigo de Fred começa a gargalhar histericamente: </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Fred, meu caro, eu
estava preocupado contigo, parecia que você tinha perdido a vontade
nas pequenas artes, mas vejo que estava completamente enganado. Nunca
tinha te visto tão irônico, e digo que este tempo que tem se
mantido limpo tem te feito mal.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred boceja .</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Jaime, meu bom
Jaime. Você sabe que esse detrito que o faz um pouco menos
entediado, já não me causa qualquer comoção. Sabe que eu nunca
estive tão lúcido e que tudo que digo é a mais crua verdade, e que
se tem alguma ironia nisso tudo, e a falta de iniciativa de acabar ou
começar com tudo de uma vez. A única ironia aqui é sua covardia
para decidir o caminho a seguir. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Jaime disfarça o
insulto e se retira para uma sala fechada. Carmela enxarcada de ódio,
continua sua gritaria. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_ Nem o mais leal
dos seus companheiros você preserva. Você não merece ninguém,
muito menos a mim. Não adianta manter esse sorriso na cara, pois eu
sei que você não sente nenhuma alegria, você não sente nada. Não
sente mais nada. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Uma das amigas de
Carmela, a abraça e sussurra algo em seu ouvido, parecia que queria
acalmar a senhorita. Carmela estava transtornada, mas prestava
atenção no que dizia a moça, até despencar em choro. Fred nunca
a havia visto chorar, talvez fosse mentira. Mas seus os olhos estavam
vermelhos. Uma de suas amigas a abraça e a conduz a um quarto.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Antes de se retirar
ainda grita: </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Isto tudo é sua
culpa. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred sabe que é
verdade, mas não sente culpa alguma, nem acha graça na cena
deplorável de Carmela. Ele resolve voltar a se aproximar na enorme
vidraça que separa o salão do resto da noite. A vida continua lá
fora e ninguém se importa. Fred busca mais uma vez qualquer coisa,
sem conseguir encontrar. Não se frusta, pois já imaginava que não
encontraria, talvez não tivesse o que procurar. Vira-se de costas e
vê que ninguém se alterou com seu discurso. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;"><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">O
liquido já podia ser servido, o empregados passam pelo ambiente
oferecendo taças. Apesar de sua indiferença, Fred </span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">orgulhoso
reconhecia</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">
que realmente se tratava de </span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">iguaria</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">.
Oferecer </span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">a
</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">bebida
para os convidados era um desperdicio para Fred, pois gente tão
despreparada era incapz de desgutar </span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">artigo</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">
tão refinad</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">o</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">.
</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">Para
ele, s</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">ó
os membros deveriam desfrutar do </span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">L</span><span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">iquido.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Em alguns minutos o
Liquido
começa <span style="background-attachment: scroll; background-clip: border-box; background-image: none; background-origin: padding-box; background-position: 0% 0%; background-repeat: repeat; background-size: auto auto;">surtir
efeito.</span>
Uma moça chora, mas talvez que qualquer relação com o
intoerpecente. Alguém grita alto, apesar das suplicas de sua
acompanhante para permanecer em silêncio. Um casal resolve se
aproximar a um dos quartos, o que gera desconforto ao sujeito
encarregado de abrir as portas. Um dos anfitriões se apressa em
servir mais, para que os nervos relaxassem ou se exaltassem de vez. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Aos poucos a festa
se torna o que deveria ser. Em breve um dos anfitriões iniciará as
atividades. Esta noite será Jaime, que principia um discurso, mesmo
sob o estado alterado dos presentes. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Fred, caro amigo,
sabe que durante todos estes anos, eu tenho estado ao seu lado,
sempre o apoiei seduzido pela sua indiscutível inteligência e
ousadia, e tenho que reconhecer que essa convivência constituiu
momento de evolução para mim, contudo, como não poderia deixar de
ser, em algum momento o brilho que no inicio ofusca nossos olhos, vai
se esmaecendo em um inexpressivo fosco. Esta festa era para ti, Fred,
pensamos em dar-lhe algum presente, algo que pudesse ressucitar suas
adormecidas emoçoes. Entretanto, creio, após conversar com outros
de nossos companheiros, que o seu tédio não tem mais limites. Já
provaste de tudo, não existe sabor raro que não tenha sido objeto
do seu paladar, e já não há nada nesta vida que te possa causar
qualquer arrepio. Por isso é fato que nosso presente mais justo é
transforma-lo em o homenageado da noite, diante de todos, para que
não reste dúvida sob qual sensação é a mais aguda.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred sorri, mas no
seu fundo está surpreso, pois sente medo. Sente medo da crueza de
seus parceiros, assim como outros sentiram medo dele. Mas sobretudo,
sente um outro tipo de medo, medo de ser desonrado como um daqueles
estúpidos convidados que ignoravam a mais elementar das verdades. O
medo, era algo que há muito não sentia. O medo lhe atrai, Fred
começa a se excitar com o medo.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Pois bem meus
queridos, a dor pouco importa para quem já não vive. Logo se assim
desejam eu pouco farei para evitá-la. Mas fiquem cientes, que assim
que o fizerem, serei somente o primeiro , os demais sempre serão
perseguidos pelo temor de serem os próximos. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Sabemos disso Fred.
Não foi uma decisão fácil, mas diante de tudo que já foi feito,
talvez seja a senteça a ser cumprida por cada um de nós. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Ninguém mais ri no
ambiente. Pedem a Fred que se levante, ele não obedece, um sujeito
forte se aproxima e arrasta o atrofiado corpo de Fred. Neste instante
trazem uma obscura cadeira de metal para o meio da sala, sob a qual
Fred é atirado e amarrado. Em seguida uma moça traz um copo com um
liquido verde que forçam Fred a beber. Ele grita e se debate, mas os
músculos da face e do corpo vão aos poucos cansando. A carne fica
fraca. Desiste de sua luta, enquanto os efeitos do químico que
ingerira começam a se manifestar. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Carmela sai de
dentro de uma das diversas salas. Ela com os olhos vermelhos e
inchados, se aproxima lentamente. Já não aparenta tanto ódio, na
verdade parece deter seus próprios passos, até se posicionar atrás
da cadeira na qual Fred esta pendurado.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; orphans: 2; text-indent: 1.32cm; widows: 2;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Ela ergue os braços,
mas hesita. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Fred percebe a
hesitação, toma a palavra, balbuciada. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Meus amigos, digo
que não sinto rancor por nenhum de vocês, contudo quero fazer um
ultimo pedido, um ultimo pedido de aniversario.</span></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">. Com as lágrimas
lhe tomando novamente a face e os soluços lhe tomando a fala,
Carmela responde: </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Meu amado Fred,
apesar de nossas desavenças, sempre haverá algo que liga a nós
dois. Também sei que faço isso pois coloco a decisão do grupo
acima de tudo. Mas seguirei te amando e me encarregarei de realizar
seu ultimo pedido. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">_Pois bem, amigos.
Eu desejo que a próxima seja esta vadia. </span></span></span>
</div>
<div class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0.49cm; text-indent: 1.27cm;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><span style="background-color: white;">Carmela de uma vez
mostra a todos como se extrai o liquido.</span></span></span></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-28052243980891144332014-05-16T23:05:00.000-04:002014-05-16T23:05:00.665-04:00conto 2<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Conto 2 </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"></span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A lua iluminava uma trilha vermelha que
desenhava o caminho até a esconderijo do predador. Horácio observava oculto ao
longe, distância cuidadosamente mantida para não atiçar o faro do bicho. Ou quem
sabe por medo. Temia que caso a fera não o matasse, outra coisa o mataria.
Todos os cantos eram suspeitos: olhos vigiavam à espreita, um coro insuportável
de insetos camuflava a respiração dos inúmeros inimigos. </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Seu corpo exausto pedia para parar e descansar,
quiçá retornar, buscar um lugar mais cômodo e seguro, mais quente, ao invés
daquela floresta fria e ameaçadora. O esforço despendido o castigava. E por que
tudo isso?</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio começa a recompor cada pegada
que o condenava ao presente cruel. Ela, ignorando que ele desejava permanecer
em casa, armou uma cesta com comida: _Quero comer no meio do mato_, dizia.
_Temos de sair um pouco desta casa. Quero ar fresco_. Mas Horácio sentia que
ela só queria contradizer seu desejo. O dia prometia ser gélido e pálido,
péssimo para um passeio tão improvisado. Ela, visivelmente, não tinha qualquer
plano traçado, simplesmente seguia uma vontade impulsiva, dissimulada em seu
sorriso constante.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio, injuriado, sentia o corpo
sonolento, pedindo para não ir, mas não tinha coragem de contrariá-la. Eram tão
lindos seus longos cabelos, suaves como a pele do sofá, fios tão negros quanto
as cortinas fechando o quarto. A sua pele branca era tão macia quanto o toque
dos lençóis. Seu cheiro, sedutor, enfeitiçava de tal maneira que não se podia
mais pensar em algo que não fosse ela. Horácio sabia que nunca conseguiria
negar qualquer pedido seu, por mais tolo que fosse. Mas ela só pedia que a
acompanhasse a um piquenique.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Os dois se puseram em marcha. O caminho
que ela inventou era longo, parecia não ter fim. O dia já vinha alto e ela
ainda desejava cruzar um imenso pasto em busca de um rio, que não dava qualquer
sinal de estar próximo. Os dois seguiam, sem trocar qualquer tipo de palavra ou
qualquer afago, ela só balançava o deslumbrante vestido e vez ou outra soltava
algum suspiro armado com seu sorriso. E que sorriso! Toda vez que ela sorria,
Horácio se sentia mais atado àquele sorriso emoldurado em seus lábios tão
delicados.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Os dois se enveredavam cada vez mais por
um vasto e denso gramado. A tarde amena já não causava os incômodos do sol
ardente. Ela deslizava atraente, sempre arrastando Horácio para mais longe. Ele
tinha fome, mas ela obviamente não pararia antes do tal rio, mesmo que ele suplicasse,
ela se desculparia com qualquer aborrecimento. “Não tem problema Horácio,
pararemos em breve e você poderá finalmente saciar sua gulodice”. “Só até
encontrarmos um lugar especial para comermos”. “Se quiser voltar pode ir, eu
continuo sozinha”. Sabendo disso Horácio ficava quieto, preferia não se expor a
mais uma derrota.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Finalmente escutaram o som de água. Um
rio corria desesperado pelo pasto, alguns animais se aproximavam para beber de
suas águas. Horácio respirava fundo o ar leve. Ela escutava e ria, vaidosa de
mais uma vitória. Ele tentava sentir raiva, mas não conseguia. Ela era muito
perfeita para que alguém a odiasse.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Apesar da beleza da paisagem, ela segue
em frente. O caminho vai ficando mais odioso, o rio antes verde, fica turvo, a
grama tão bonita, fica rala e seca. Horácio deseja voltar, mas ela anuncia.
_Comeremos aqui_. Ele olha incrédulo para a paisagem espantosa, mas se senta
exausto. A única coisa que explode em beleza é ela, se destacando no meio de
tanta feiura.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ela ajeita o vestido e se senta, abre a
cesta e a distribui sobre a toalha, inicia o almoço do faminto Horácio. Mostra
uma artificial surpresa com seu apetite. Os dois comem um pouco e também se
embebedam um pouco. Ela pega um pedaço de pão e ameaça jogá-lo longe. Horácio se
irrita uma vez mais com a brincadeira. Ela dá gargalhadas, ri até ficar
constrangida com a seriedade dele.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ela se estica e apoia a cabeça em seu
colo, ele a olha obcecado pela beleza. Horácio fica paralisado, até que ela se
levanta e sugere que continuem a caminhada. Ela sabia como tragar alguém.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Os dois seguem até onde a grama volta a
nascer, cresce alta e dificulta o avanço. Mesmo com dificuldade, ela continua,
elegante. Já Horácio sofre para carregar a cesta ainda pela metade. Cansado
para. Apoia os braços sobre os joelhos, tenta se recuperar, enquanto ela corre
sua mão por arbustos e vai se aproximando da mata. Zona fechada, insegura e
perigosa. Ela age como uma criança que põe a mão no fogo demonstrando destreza
diante dos covardes. Horácio suplica para que retornem. Ela fica cabisbaixa,
apesar de não perder o sorriso. Horácio intensifica seus pedidos.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ela se movimenta frenética. Algo parece
mal. Horácio pressente o perigo. Ela continua saltitando distraída. Horácio
implora, mas ela zomba girando a saia.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ele grita. Ela olha assustada para ele.
Mas já é tarde. Uma enorme Fera de olhos vermelhos salta da sombra e, de uma
vez, agarra a moça. </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio fica entorpecido de medo. A
Fera, com a moça frágil pendurada na boca, fita-o. Ainda viva ela faz, com suas
últimas forças, um pedido de ajuda. Horácio não reage.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">O robusto animal não perde mais tempo e
desaparece dentro da mata. Horácio só escuta o grito da amada e tomado pelo
coração se envereda pelo desconhecido. Não haverá mais volta.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">O fraco corre sem parar, não olha para
trás. A mata é densa, fecha seu caminho a cada novo passo. Ele tenta acompanhar
o monstro seguindo o grito da amada: </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">_Me salve Horácio!</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ele vai se defendendo dos galhos das
arvores que descem violentos. Arranhando-o. Ele não se entrega. Avança
desesperado e não percebe que escurece rapidamente. A fera é veloz e logo se
distancia. Ele se esforça, mas não consegue acompanhar. A perde de vista.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Cansado, Horácio para, respira duro e
derrotado. Deixa o corpo cair. Olha voo no meio da escuridão. Canta, prometendo
uma morte.em volta, só agora percebe que está completamente perdido. Uma ave
desprezível levanta </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A mata é cenário de histórias de finais
trágicos, onde os mais valentes e audacioso perecem, quem dirá o desajeitado
Horácio. Ele tenta retomar a respiração equilibrando o corpo sobre os joelhos.
Olha em volta, se vê trancado no labirinto de enormes troncos, sente um
calafrio como se seu corpo fosse atravessado por um infinito de agulhas. </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A escuridão oculta todos os sinais da
Fera, já não há mais qualquer caminho que o conduzisse para algum lugar. Estariam
ele e ela condenados a morrer, somente questão de tempo. Se apoia sobre uma
árvore e sentiu sangue fresco em um dos troncos.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">_Meu deus! Será que ela já estava
morta?_ Horácio tinha vontade de voltar pra casa, mas como abandoná-la no meio
da mata, sem a certeza de sua morte? Será que o sangue frio era apenas pista do
sangue que já não corria em suas veias? Horácio teme o pior, até escutar seu
nome:</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>_Horácio!</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Era a voz dela. Esta viva. </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ele segue correndo. Sente que algo corre
ao seu lado. Se assusta. Pisa em falso e rola sobre uma pequena elevação, a
perna fisga com o mau jeito. Alguém ri no meio da escuridão. Horácio levanta e
olha assustado ao seu redor. Que ser maligno lhe espreita? Escuta passos, sente
que está sendo cercado, talvez tenha que lutar para sobreviver. Enfia a mão na
cesta e agarra o primeiro metal que encontra. Puxa-o com firmeza e salta para
fora uma reluzente faca de pão. Ridículo! Não lhe restam muitas alternativas a
não ser seguir em frente.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Retoma a busca sendo seguido por algo,
não consegue ver e por isso corre. Corre mancando por entre o breu, sentido que
cada árvore pinga um pouco de sangue. Sente que lágrimas também escorrem de seu
rosto. </span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio não sabe se corre ao encontro
dela ou, cada vez mais para dentro da mata, ao encontro do predador. Cada curva
pode ser a armadilha final para o medroso Horácio.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">_Quem este ai? pergunta.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ninguém responde, Horácio só escuta uma
respiração descontrolada, mas não tem certeza se não é a sua própria. As pernas
doem, reclama pelo esforço deste salvamento fracassado. Pobre dela que morreria
tão jovem. Um ódio lhe toma o coração, pensa em parar. Mas sente alguém tocar
em seu ombro. Virá assustado e ataca. A lua, irônica, acende sua luz pela mata
e ilumina tudo. Horácio desesperado olha ao seu redor e se vê sozinho, só
estava ele e uma infinidade de troncos e folhas, o solo branco e liso. Ri de
seu próprio medo.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">De repente um grito.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">É a voz dela, nítida. Está perto.
Horácio busca. O luar ilumina algo ao fundo, algo difícil de distinguir.
Horácio vai pouco a pouco se aproximando, mesmo pressentido o perigo. Chega
mais perto. Consegue reconhecer algo na luz. A fera!</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">_Maldita lua que ilumina os caminhos que
antes não podíamos ver_.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio procura um esconderijo da luz.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">A lua ilumina uma trilha vermelha que
desenhava o caminho até o esconderijo do predador. Horácio observa oculto ao
longe, distância cuidadosamente mantida pelo medo.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Teme que caso a fera não o matasse,
outra coisa o mataria. Todos os cantos são suspeitos: olhos vigiam à espreita,
um coro insuportável de insetos camufla a respiração dos inúmeros inimigos. Ele
precisa salva-la.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Mas caso alcançasse a besta lutaria com
o que? Com a faca de pão? Era melhor esperar que a besta se aquietasse em algum
momento, então ele poderia atacar de surpresa. Horácio tenta refletir um pouco,
mas só continua tremendo em seu canto, esperando um momento ainda melhor, um
momento em que ele se envolveria de coragem, uma coragem que viria de dentro de
si e que por si só acabaria com o mostro.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Ela grita mais uma vez. O monstro se
movimenta frenético. Horácio teme que nunca haja um momento ideal de atacar. O
rapaz reúne coragem. Talvez, ela não merecesse o sacrifício. O bicho grita!</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Um grito de animal. E depois completo
silêncio. O coração do moço treme, talvez fosse tarde demais, a coragem viria tarde
demais. A lua foca uma luz cadavérica, denunciando a posição de Horácio. Ele
lamenta o trágico fim de seu esforço, depois de tanto caminhar, com os pés
quase sangrado, com o peito quase tombando, ele finalmente havia perdido.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Porém sente também certo alívio. Pensa
em recobrar as forças para tentar o regresso, pelo menos ele ainda poderia se
salvar. Mas Horácio se comove ao ver rasgado o bonito vestido da moça em um
galho de árvore.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Repentinamente, um ódio enche seu corpo
e ele pega um pedaço forte de madeira com o qual vingaria sua amada. A mata de
repente se silencia, a lua generosa ilumina o caminho de Horácio até a posição
da fera.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio respira metálico, controla sua
fúria para despejá-la de uma só vez na sua decisiva luta contra a besta, a
última tentativa de defender sua honra. Se aproxima aos poucos, pôde ver o
corpo do qual o sangue escoa, um corpo abatido, um corpo imenso.</span></div>
<div class="yiv1337955311msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Horácio olha apavorado o corpo da fera
decepado com as tripas estiradas ao redor. Olha apavorado, tão apavorado que
não vê sua morte se aproximando.</span></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-72814447031390465062014-05-09T19:00:00.000-04:002014-05-13T22:08:38.478-04:00Conto 1<!--[if gte mso 9]><xml>
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<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Coberto de sangue, não se mexe, não respira, não pisca.
Inabalável, rígido, frio, como se estivesse morto. Como se não houvesse ninguém
ali. Queria que eu acreditasse que não estava lá. Como se não esperasse o
momento ideal para atacar e matar. E, finalmente, o nada ser eu. </span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Já tem quase uma hora que me olha daquele jeito.
Coberto de sangue, não se mexe, não respira, não pisca. Inabalável, rígido,
frio. Exatamente como contavam. Eu tentava não acreditar em histórias, ainda
que as temesse. Justo eu estava condenado ao encontro com a criatura. Criatura
que desesperada por ter deixado de ser homem, acabava com outros homens, como
eu.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Contavam-se as atrocidades mais terríveis. Um
assassino, um corpo dilacerado, todo o ódio acumulado rastejando pela sala
escura, esperando a chegada de mais uma vítima, estraçalhava com crueldade.
Ninguém sobrevivia. Ninguém! Sua fúria rasgava a carne, chupava o sangue,
triturava o crânio, roía os ossos. Dali só saiam as mais desagradáveis imagens,
sem qualquer vestígio de terem sido corpos humanos.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Eu, pequeno e raquítico, tremo, choro, ofego, temo que
me ataque. Quase morro com pavor da cara do animal que, com olhar frio, fareja
as minhas debilidades, prometendo uma morte miserável. Fico assim.Mantendo o
coração acelerado, Para não dormir, nem me distrair e não esquecer que ele
ainda está lá,,</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Não sei o que espera essa gente cruel. Não podia só me
trancar? Não podia só me matar? Tinha que me prender ali, com esse esse
selvagem? Me tratando como ração dada a cachorro faminto. Me forçando a dividir
espaço com uma criatura incapaz de dividir o mesmo espaço.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Olho ao redor, só existe uma janela no alto da sala,
que mal deixa passar o ar. Se aquilo não fosse uma criatura, poderia apoiar-me
na fuga. Seríamos livres. Mas só eu quero ser livre. Ela continua sem se mover.
Seus olhos com o mesmo vazio. Será que me observa? Será que sente os meus
movimentos?? Será tão fatal que não precisa ver?</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Não acabarei assim! Me levanto buscando mais ar. Não
consigo respirar, o chão me sufoca. Me estico, me exponho. A criatura não se
move, fica me olhando. Busco esconderijo, onde possa observa-la melhor. Me movo
com cuidado sem oferecer brecha. Vou me esgueirando pelas paredes, tentando me
afastar, procuro o lugar mais alto, subo numa inclinação da parede, me apoio
nos tijolos mal postos, faço um esforço pra me equilibrar. Uma pedra mal
intencionada escorrega. Caio em um golpe no chão. Levanto com coração
disparado. Me recolho rápido. A criatura me olha inerte. </span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Sinto a perna lesionada pela queda, olho o sangue. A
criatura se começa a se movimentar. Tento estancar o corte, mas o sangue jorra
desesperado. O mal se aproxima de mim. Desespero. A morte é agora.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Levanto as mãos. Começo a gritar, escorrego no chão,
sinto a pedra que rolou,Agarro-a. Atiro na cabeça da criatura. Ela cai para
trás. O sangue sai da cabeça e inunda a sala. Agora o sangue é seu. Está morta,
agora só resta eu. Eu, o assassino da besta. Eu e seu cadáver juntos para
sempre. Sinto um breve alívio.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Mas a única porta se abre, luzes intensas entram e se
esgueiram pelo sala, chegam até o corpo do defunto e o levantam. Depois avançam
até meus olhos me cegando, me paralisam, não vejo nada, só sinto o medo. Fazem
muito barulho, não sei o que acontece, o temor de uma punição me deixa exausto,
encolho cansado, não posso lutar mais. Fecho os olhos e espero que tudo
termine.</span></div>
<div class="yiv1758451977msonormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 2.85pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">De repente a porta se fecha e as luzes se apagam. Eles
se foram, mas deixam diante de mim um ser pequeno, raquítico, que treme, chora,
ofega, temendo que eu o ataque. Eu continuo lá. Coberto de sangue. Não me mexo,
não respiro, não pisco. Inabalável, rígido, frio, como se estivesse morto.
Assassino, quase animal.</span></div>
Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-374099860123452572014-03-16T09:23:00.000-04:002014-03-16T09:23:24.830-04:00Nagarrafa é um blog, um blog o qual eu me propus a tecer, consciente de que a vida cotidiana é tao desesperadoramente chata que tudo fica chata, inclusive o blog o qual é meu propus a tecer.<br />
<br />
Mas sem reclamaçoes. Hoje é domingo, e caso você esteja em Sao Paulo, estará desfrutando de um belo dia de Domingo, dourado pelo sol manhoso.Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-63882727482556726722013-11-24T11:11:00.002-03:002013-11-24T11:11:43.283-03:00estranhoos sons pareciam mal encaixados entre as silabas causando calos na lingua, um desgaste idiomático lhe infarto a vontade. A pouca ração que trouxera já quase acabava, em breve só lhe restaria aqueles sons desengonçados pra por na boca. Mal podia prever que em breve a fome o faria sentir se em casa.<br />
<br />Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-20342111852756700132013-10-29T15:54:00.001-03:002013-10-29T15:54:51.335-03:00angustiaConfesso que sempre me senti injustiçado pelo mercado de trabalho, ou pelo mercado de exceções. Poxa! Eu faço tanta coisa tão bem e nunca tive chance de fazer as coisas que faço de melhor de forma custeada, na verdade eu acho só que me pagam pra fazer o que faço de pior, burocracia, cobranças,verborragia, etc.<br />
Entretanto não são poucas as vezes que vejo coisas que realmente me causam comoção por ai. Dai que eu fico mais angustiado com a quantidade de pessoas boas que estão soltas por este mundo condenadas a dedicar o pior de si para nossa sociedade. Pois a minha angustia transborda com a perda de tempo a que somos constrangidos todos os dias só pra ter dinheiro.<br />
Enfim, eu queria escrever mais, mas a inspiração foi consumada pela angustia, e eu ja não tenho mais tempo.Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-55384465906738829482013-10-11T21:07:00.003-04:002013-10-11T21:07:36.308-04:00INTI ILLIMANI & CALLE 13 - Latinoamerica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/eeUaqpINxrw?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
belezuraNa Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4414360840507987208.post-11634404786533146752013-10-09T18:19:00.003-04:002013-10-09T18:19:24.265-04:00gwen mccrae- for your love<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<br />Na Garrafahttp://www.blogger.com/profile/10862657444070866885noreply@blogger.com0