Escutei uma coisa outro dia que nunca tinha escutado da
forma como escutei. Foi no meio de uma conversa sobre pedestres e motoristas,
no qual uma predominantemente motorista dissertava sobre a irresponsabilidade
de algumas índoles de pedestres que cruzam determinadas avenidas sem se
preocupar com a possibilidade de causar um acidente a si e a um carro.
Questionada sobre qual tipo de avenidas seriam essas, então a ¾ motorista
exemplificou com a Paulista, a Vergueiro, a 23, e as marginais. Respondi que ao
meu ver uma avenida como a marginal era uma excrescência. A motorista fechou a
conversa com o argumento de que em uma cidade como São Paulo, uma avenida como
a Marginal é uma coisa natural.
Daí eu nunca tinha escutado isso, ainda que a gente pense
assim, a Marginal é Natural. Com suas dúzias de faixas, suas pontes estaiadas,
seu cheiro de coisa ruim, a Marginal é Natural. Quase tanto quanto o rio que
ela constrange, pois o rio, em uma cidade como São Paulo, é causador de
tamanhos transtornos que merece ser retificado, canalizado, marginalizado
pontificado, asfaltado, arborizado e ciclovizado, no melhor do natural que
podemos inventar.
Já vinha pensando na possibilidade de não existir uma
marginal afinal de contas e de conhecimento do mundo mineral que as avenidas
expressas não contribuem em nada para desafogar o transito das cidades, já que
horas depois de sua inauguração, só não altera em nada o transito nas vias já
existentes como já é foco de sua própria congestão. Daí só pode pensar em trem,
metrô, bonde, teleférico, bicicleta etc. Mas daí eu pensei no extremo inverso,
já que a marginal é tão natural, seria justo elevá-la ao destino mais universalizante,
uma cidade só de marginal, sem calçadas, rios ou pedestres, sem praças,
parques, sem nem mesmo ruas, só uma grande marginal com seus bilhões de carros já
parados.
Já pensou?
Me disseram que Dubai é meio assim, sem calada e sem
pedestre. Eu não conheço, mas fica a dica.
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