Crianças em situação de rua são seres humanos em
desenvolvimento, que podem apresentar algumas características psicológicas
sadias, apesar das dificuldades impostas por um ambiente hostil. Para
manterem-se na rua, desenvolvem estratégias para lidar com circunstâncias que
podem expô-las a riscos e podem torná-las vulneráveis. Esta afirmação aponta
para duas direções opostas. A vida na rua gera altos níveis de stress, riscos
freqüentes e intensos e testam permanentemente a vulnerabilidade emocional,
social, física e cognitiva/educacional desta criança. No entanto, exigem que
ela seja resiliente e desenvolva estratégias, tenha forças para lidar com o
infortúnio e para se adaptar. A vivência de rua, certamente, proporciona
experiências diferenciadas às crianças, que não são similares às das crianças
que vivem sob a proteção permanente de uma família ou mesmo àquelas que
freqüentam diariamente a escola. Os vários estímulos que a rua apresenta,
exigem que a criança esteja atenta e preparada para manter a sua integridade
física e sua sobrevivência. Esta atividade permanente, em um âmbito tão
diferenciado e provocador, deve gerar desequilíbrios cognitivos e necessidade
de equilibração constante. Alguns estudos afirmam que ao invés de provocar um
retardo no desenvolvimento cognitivo, a vida na rua facilita e promove o
desenvolvimento (Aptekar, 1989; 1996). No Brasil, Carraher e colaboradores
(1985) revelaram que crianças trabalhadoras de rua podem ter uma aprendizagem
natural da matemática, que a escola não é capaz de propiciar. Além de
habilidades matemáticas, outros aspectos cognitivos foram avaliados, como o
nível de julgamento moral. Barreto (1991) verificou que o raciocínio moral de
crianças de rua, quando comparado ao de crianças de mesma idade que vivem com
suas famílias, não difere significativamente. Koller (1994) também verificou
que crianças em situação de rua, que não freqüentam escolas, raciocinam
pró-socialmente no mesmo nível que crianças escolares da mesma faixa etária. Ou
seja, conforme concluem Koller e Hutz (1996, p.14), "o viver na rua não
impede o desenvolvimento de valores e não gera deficiências morais específicas
em crianças e adolescentes.
Fonte: http://cadu-joilda.blogspot.com.br/2011/07/criancassituacao-de-rua.html - acessado em 11/04/2013.
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